Demitido na manhã desta sexta-feira (9) pelo prefeito Leonaldo Paranhos após a polêmica da troca de materiais nas obras de uma ponte do Morumbi Eco Park, o secretário de Meio Ambiente, Juarez Berté ignorou a exoneração e foi trabalhar normalmente nesta tarde.
“Eu não vou entregar o cargo, eu não sou covarde. Eu estaria me acusando”, afirmou Berté em entrevista ao O Paraná/Hoje News. Berté foi um dos principais apoiadores de Paranhos nas eleições de 2016 e diz que o projeto dele é estar junto com o grupo durante os quatro anos de mandato.
Pela manhã Paranhos deixou claro que os três secretários que possuem relação com a obra deveriam deixar o governo. Ontem, Jorge Lange (Secretaria de Obras Públicas) e Fernando Dillenburg (Instituto de Planejamento) também deixaram os cargos. Paranhos afirma que o afastamento é temporário até que a situação seja esclarecida.
Com o desentendimento entre Berté, Dillenburg e Lange, Paranhos diz não aceitar perder tempo com discussão que não produz nada. O prefeito reconhece que há uma divergência entre Dillenburg e Berté e, por isso, vê a necessidade do afastamento de todos os envolvidos. “Se quiserem brigar, briguem pelo lado de fora”, afirma o prefeito.
Berté rebate, afirma que nunca brigou e tudo o que fez foi por determinação do prefeito ao não aceitar a mudança da tubulação de aço por concreto. Ele diz que se é para afastar todos os envolvidos no projeto, Paranhos também deveria ser afastado. “Eu agi corretamente dentro da minha secretaria. Ele [Paranhos] sabia da situação desde o começo”, afirma. “O prefeito tinha que sair fora também, já que ele também está envolvido no processo”, completa.
Troca
O imbróglio se arrasta desde agosto do ano passado quando a empresa Contersolo, responsável pela obra que integra o PDI (Plano de Desenvolvimento Integrado) trocou o material de aço por concreto, que é bem mais barato. Berté diz que avisou o prefeito ainda em agosto que a troca não era uma forma correta de agir e que poderia acarretar problemas futuros.
Segundo Berté, quem bateu o pé e insistiu na troca de materiais foi o então secretário Jorge Lange. “No poder público pra você trocar algum material até é possível, mas tem que ter justificativa”, observa.
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Contersolo
O prefeito Paranhos joga a responsabilidade para a empresa responsável pela obra e diz que os secretários não cometeram qualquer iregularidade. "Esse problema foi gerado porque a empresa se antecipou e baseada apenas em pareceres prévios, realizou a troca de material sem o aditivo legal e necessário", afirmou.
A reportagem procurou a Contersolo Construtora de Obras que preferiu não se manifestar sobre as declarações do prefeito.