Cascavel – O assunto segurança pública tomou o noticiário nacional nas últimas semanas, especialmente com a intervenção federal no Rio de Janeiro e a criação de um ministério específico para tratar do assunto, sob o comando de Raul Jungmann. Mas a realidade se mostra muito mais dura do que os discursos. E um dos problemas mais graves é a falta de efetivo, tema notório e que se mostra praticamente sem solução.
Para se ter uma ideia, apenas na região de fronteira considerando o eixo entre Guaíra a Foz do Iguaçu, incluindo Cascavel, seriam necessários pelo menos mais mil agentes para a segurança efetiva da região, número quatro vezes maior do que existe hoje. A informação é do delegado-chefe da PF em Cascavel, Marco Smith.
Também faltam delegados. Em todo o País, deveriam atuar 1.500 profissionais. Hoje existem 900. Apenas no Paraná faltam 20 delegados. Na Delegacia da PF de Cascavel, por exemplo, que atende a 66 municípios, há três delegados lotados que fazem o trabalho de oito profissionais.
“A falta desses policiais se reflete no que é visto no cenário do oeste do Paraná: tráfico de drogas e de armas e contrabando passando de forma intensa do país vizinho pela região”, lamenta Smith.
A falta de pessoal também compromete operações mais intensas da polícia, que consegue fazer um trabalho quase heroico, sem gente suficiente.
E a tendência é piorar, devido à aposentadoria dos servidores. “Nos próximos três anos vamos perder cerca de 30% do efetivo, que vai se aposentar”, adianta o delegado.
O ministro Raul Jungmann anunciou que vai abrir concurso para 500 vagas de policiais federais e 500 para agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal), mas para cobrir toda a extensão brasileira.
Inteligência
O ministro ressaltou ainda a importância dos agentes para o trabalho de inteligência. Justamente o que está comprometido pela falta de profissionais e que não será amenizado com o concurso. A expectativa é para que 300 desses novos policiais – que só devem estar na ativa em pelo menos um ano – sigam para áreas de fronteira. Ocorre que em todo o País são mais de 16 mil quilômetros delas.
Nível médio
Uma reivindicação da própria Polícia Federal é para que haja concurso para cargos técnicos de ensino médio. A categoria acredita que não faz sentido um agente altamente preparado para a inteligência ou operacionalização, que receba salários médios de R$ 13 mil, atendam no balcão e telefone no plantão, ou até mesmo sejam usados para fazer a escolta de presos, enquanto faltam profissionais no campo para atuar no combate ao crime organizado.