Cascavel – A busca pelo status de zona livre de aftosa sem vacinação no Paraná já provocou inúmeras alterações na segurança sanitária em todo o Estado, e deve sofrer novas ações. “O status foi um grande avanço, mas é preciso ir além. Com o coronavírus, ficou clara a necessidade de um cuidado mais intenso e os mercados nacionais e internacionais têm ficado mais exigentes com o controle sanitário. Garantir a procedência e a sanidade do que se vende, especialmente a proteína animal, não é um diferencial, vai passar a ser uma exigência nos mercados. Diante dessa situação, o Conselho Regional de Sanidade Agropecuária, do POD [Programa Oeste em Desenvolvimento], articula uma série de medidas com o governo do Estado, por meio da Seab [Secretaria de Agricultura e Abastecimento] e da Adapar [Agência de Defesa Agropecuária do Paraná], por uma agenda a ser seguida para garantir a qualidade sanitária do que produzimos”, revela o vice-presidente do POD e coordenador do Conselho, Elias José Zydek.
A primeira ação proposta pelo Conselho é reforçar os controles de acesso para o Paraná. “Precisamos ampliar a vigilância nas fronteiras, seja nacional ou internacional. Isso nas fronteiras entre Paraguai e Argentina, São Paulo e Mato Grosso, mas, especialmente, nos aeroportos internacionais. É preciso que a fiscalização nas bagagens seja mais rigorosa, especialmente as bagagens de mão, pois o passageiro pode trazer uma fruta, um alimento processado, qualquer coisa que pode trazer uma bactéria, um vírus, e que pode tomar proporções maiores e trazer várias doenças”, ressalta Elias.
A segunda ação é a criação de corredores sanitários, que, na prática, é a definição de locais específicos para entrada e saída de produtos e animais do Estado, de forma que fique garantida uma intensa fiscalização sobre essa movimentação.
Conselhos municipais e reforço na fiscalização
O Conselho Regional de Sanidade Agropecuária do POD reforça a necessidade de investimento na ampliação das equipes que atuam na vigilância sanitária: “Os governos, municipais, estaduais e federal, precisam investir na contratação de técnicos capacitados para atuar na fiscalização na vigilância sanitária, ampliar a ação dela e garantir que haja pessoal capacitado para isso”, explica o coordenador do Conselho, Elias José Zydek.
Outra ação que já está em curso na região oeste é a criação de Conselhos Municipais de Sanidade Agropecuária. “Até o fim do ano devemos ter concluído a criação desses conselhos. Estamos na fase de informação e orientação nos municípios, fazendo a parte burocrática para essa criação. O objetivo é, por meio desses conselhos, a aumentar a efetividade dos programas oficiais de controle de zoonoses, doenças e pragas e promover a participação da comunidade na discussão dos problemas sanitários das comunidades, e, assim, desenvolver a consciência sanitária dos produtores e de líderes do setor”, frisa Elias Zydek.
Rastreabilidade
Outro tópico é fomentar a rastreabilidade dos animais: “Rastreabilidade significa que, para onde o animal for, seja dentro ou fora do Estado, ele tenha todo seu histórico: onde nasceu, as vacinas que tomou, enfim, todas as informações necessárias. Essa responsabilidade garante a segurança da procedência do animal e deve ser priorizada pela cadeia produtiva, desde quem produz até quem abate. É preciso criar mecanismo para viabilizar isso… softwares possibilitam que isso seja feito, com baixo custo e de fácil acesso a informações”, cita como exemplo. “Com a situação mundial, logo os mercados começarão a exigir esse controle e nós precisamos estar preparados”, alerta, referindo-se à insegurança causada pela pandemia mundial do novo coronavírus.
Há ainda na agenda do conselho a preocupação com a continuidade do controle das principais doenças, como brucelose, tuberculose e salmonela, que devem ser priorizadas na cadeia produtiva.