Política

Esplanada: Bolsonaro, Mourão, Orlando Brito e Dida Sampaio

A reunião

A reunião do presidente Jair Bolsonaro com a cúpula das Forças Armadas e ministros militares do Planalto, no sábado – conforme a Coluna publicou em primeira mão no site -, foi papo de compadres, mas Bolsonaro incluiu improvisadamente três temas à mesa: saída de Sergio Moro da Justiça; STF e a investigação de manifestações; e combate ao coronavírus. O maior pedido aos chefes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, diante de um clima beligerante entre os Três Poderes, foi a garantia da lei e da ordem para evitar novamente um eventual cenário de convulsão popular de 2013, durante o Governo Dilma Rousseff, que parou o País. Seguindo a Constituição, claro. Mas o presidente deixou o povo tenso – e precisa explicar – o que quis dizer com “Chegamos ao nosso limite, não tem mais conversa”.

Sem especulações

É balela pura qualquer informe além dessas pautas, principalmente invenção de que trama-se um golpe – o que a oposição sempre alardeia para incendiar o País.

Inimaginável

Um golpe é ilógico para os militares, conscientes de seu dever e da consolidação da democracia; sabem que não têm estrutura, nem dinheiro, nem tropa, nem bala no coldre.

Essa crise…

O vice-presidente, General Mourão, não participou da reunião. Está muito brabo com bolsonaristas que o chamam de índio golpista e índio traíra. Como se quisesse o cargo.

Aliás…

… o comportamento institucional e republicano do vice Mourão é exemplar. Não faz sombra ao chefe; sabe que ali é o único lugar do mundo onde um capitão manda mais.

Sobrou até… 

“Na crise atual, precisamos de um jornalismo livre a serviço de todas as pessoas, especialmente daquelas que não têm voz; um jornalismo engajado na busca da verdade e que abra caminhos de comunhão e de paz”, postou no Twitter da Santa Sé o Papa Francisco, em alusão à agressão de dois fotógrafos em frente ao Palácio do Planalto.

…para o Papa

Mas defensores de Bolsonaro não perdoaram Sua Santidade. Um internauta respondeu “blá blá blá blá”; outro escreveu: “O senhor não representa os católicos”. “Então, agora você fala pelos católicos?”, retrucou uma mulher. Para citar apenas três exemplos.

Como foi

Orlando Brito e Dida Sampaio foram os mais agredidos. Conta Brito – 55 anos de fotojornalismo em Brasília – que foi acudir Dida (levou socos na barriga e empurrões): quebraram meus óculos, me bateram, tentaram quebrar minha máquina.

***Sem rodas

A Conab está sem veículos para entregar 74.252 cestas básicas a aldeias indígenas e a quilombolas País adentro. Promove amanhã leilão de frete para escolher transportadora.

***Gilmar x Janot

Ainda tramita no STF o inquérito que investiga se o ex-PGR Rodrigo Janot realmente tentou matar o ministro Gilmar Mendes, conforme Janot citou em entrevista a jornal na ocasião do lançamento de suas memórias no cargo. Está sob sigilo desde setembro.

***Destravando

A MP 960 prorrogou por um ano prazos que suspenderam pagamentos de impostos federais sobre matérias-primas de produtos para exportação. É o regime especial de drawback . O Governo tem ajudado. A economia mundial é que não poupa ninguém.

***Pelo campo

O deputado federal Laércio Oliveira (Progressistas-SE) acredita que uma saída da crise é agregar tecnologia ao agronegócio. Mas alerta para a vulnerabilidade do País, que pode sofrer com interrupção prolongada do suprimento de fertilizantes.

Adeus a Aldir

Bela homenagem do coleguinha Rudolfo Lago, editor do Jornal de Brasília, com citações do poeta Aldir Blanc, falecido ontem: “O cara que sabia que ‘o amor é um falso brilhante’, que ‘alegria de quem está apaixonado é como a falsa euforia de um gol anulado’. Mas que ao mesmo tempo acreditava ‘na existência dourada do sol mesmo que em plena boca’ batesse ‘o açoite contínuo da noite’. Às vezes, quando a noite cai ‘feito um viaduto’, a ‘esperança equilibrista’ precisa nos lembrar que o show tem de continuar. Aldir, meu poeta, aos 55, por sua causa, sigo insistindo na juventude…”