Política

EDITORIAL: O preço de uma educação de qualidade

Para que o Brasil tivesse uma educação pública de qualidade, da creche ao ensino médio, precisaria investir até cinco vezes mais do que gasta hoje. A constatação é de um estudo lançado ontem pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

O cálculo do Custo Aluno-Qualidade inicial leva em consideração os custos necessários para a formação e a valorização dos professores, despesas com água, luz e telefone, além de aquisição de materiais em geral, como equipamentos para esportes, brincadeira e música, aparelhos e utensílios para cozinha, coleções e materiais bibliográficos, entre outros.

O custo maior está para garantir creches em período integral. Segundo o estudo, seriam necessários R$ 21.280,12 anuais por aluno para custear a oferta em área urbana. Hoje, são pagos R$ 3.921,67, apenas 18% do demandado. Quando acrescido transporte, manutenção e desenvolvimento do ensino a conta sobe para R$ 23.579,62 por aluno para creches, por ano. Parece muito? Sabe quanto o Estado do Paraná gasta para manter cada adolescente em conflito com a lei nos Censes? Cerca de R$ 16 mil por mês, um total de R$ 192 mil por ano. Ou seja, cada menor infrator detido custearia ao menos oito crianças em creches de qualidade, o que mudaria seu futuro e, muito provavelmente, a livraria de um Cense.

Investir em educação de base é a fórmula dos países que deixaram o terceiro mundo e passaram para a condição de desenvolvidos. Todos sabem disso. Mas no Brasil essa lição ainda não foi aprendida. Preferem desviar recursos da merenda, da reforma de escolas, a oferecer num serviço de qualidade a quem será o futuro deste País.