Cotidiano

Após ano seco, crise hídrica volta a preocupar o oeste do Estado

Com as previsões indicando dias de muito sol e calor pela frente, cidades no oeste do Estado voltam a sofrer com a estiagem

Após ano seco, crise hídrica volta a preocupar o oeste do Estado

Medianeira – Com as previsões indicando dias de muito sol e calor pela frente, cidades no oeste do Estado voltam a sofrer com a falta de água. O caso mais grave tem sido Medianeira, que há uma semana adotou sistema de rodízio no abastecimento. Segundo a Sanepar, oito municípios já estão em estado de alerta na região.

Moradores fizeram um protesto em frente à Sanepar nessa terça-feira (10). Eles reclamam que, apesar do rodízio de 12 horas, estavam desde sábado com as torneiras secas.

A situação mais complicada é nos bairros mais altos: no Bairro Pedreira e do Parque Jardim das Flores as famílias estão sem água há seis dias. Algumas ameaçam entrar na Justiça para cobrar o abastecimento. “Falta água e ainda cobram um valor alto”, reclama Lucia Rosa Vieira, moradora que participou da manifestação.

O caos instalado em Medianeira evidencia a realidade que se agrava em cidades vizinhas, pois municípios que forneciam água tratada por caminhões-pipa também estão restringindo a ajuda com receio de ficarem desabastecidas caso a estiagem continue.

Matelândia está no limite e suspendeu a retirada de água. Agora, os caminhões-pipa saem de Missal: são cinco veículos usados pela Sanepar para abastecer Medianeira. Em Serranópolis do Iguaçu também houve limitação e um veículo é liberado somente a cada três horas.

Matelândia, Céu Azul, Santa Tereza do Oeste, Lindoeste e Santa Lúcia estão no limite, confirma a Sanepar, que monitora a situação. Guaraniaçu, Ramilândia e Vila Agrocafeeira tiveram baixa de vazão nos rios e nos poços usados para o abastecimento urbano. A redução varia entre 20% e 30%.

Cascavel, que também precisou adotar o rodízio no abastecimento ano passado e ficou com o Lago Municipal quase seco, já sofreu redução do nível do Rio Cascavel em dois metros, fator que põe a cidade em situação alerta. Por enquanto, essas cidades não enfrentarão medidas mais drásticas, mas a recomendação é de economia.

Em Cafelândia, a Sanepar está fazendo obras para alargar o poço e colocar equipamento mais potente para poder abastecer a população, obra que termina sexta-feira. Caminhões-pipa com capacidade de 600 mil litros chegam diariamente de Nova Aurora para não deixar os moradores sem água tratada. Os poços sofreram redução na vazão de cerca de 10%, fornecendo no momento água no limite do consumo.

E, em razão, das altas temperaturas, o volume de água consumido na cidade tem se mantido cerca de 15% a mais da média, chegando a superar a produção de água em determinados períodos do dia. Para piorar, a produção média de 3,2 milhões de litros caiu para 2,9 milhões de litros por dia.

Revolta e frustração

Medianeira continua com rodízio no abastecimento e “não há previsão para normalização”, informa a assessoria de imprensa da Sanepar. As equipes estão fazendo as avaliações diárias com possibilidade de alteração dos horários de rodízio.

Durante esse período de restrição, para que todas as regiões sejam atendidas com água tratada, houve divisão da cidade em setores, onde o abastecimento ocorre de forma alternada, com paralisação durante o dia.

Apesar das manifestações de moradores, o rodízio continua sem previsão de término.

Para acalmar os ânimos, ontem o gerente regional da Sanepar, Nilton Luiz Perez Mollinari, esteve com a população. “Precisamos de chuva em abundância. Depois do Carnaval não tivemos mais registros e a chuva esperada para esta semana agora deve chegar só daqui a sete dias ou mais. A temperatura supera os 35 graus [centígrados] e isso contribui para o aumento do consumo. Estamos trabalhando para resolver a situação, precisamos de mais paciência”, disse.

Diante dos problemas, haverá uma reprogramação do rodízio, aumentando a área atingida e reduzindo o tempo sem água nos canos.

No caso de Medianeira, o problema maior está na baixa vazão do Rio Alegria, que caiu pela metade. Ele é o principal manancial de abastecimento da cidade. Os poços estão praticamente sem água: “Todos estão abaixo do normal. Tinham 100 litros por segundo, agora nem sete”, revela Mollinari.

A previsão é de que até setembro sejam abertos mais dois poços.