Cotidiano

Milho safrinha: Área encolhe 10% e quebra já é prevista

Há ainda a possibilidade de redução da área plantada devido ao atraso da colheita da soja, que deixou muitos produtores fora da janela de zoneamento definida para o plantio do grão com cobertura pelo seguro

Milho safrinha sofre com a falta de chuva e sol forte- Foto: Fábio Donegá
Milho safrinha sofre com a falta de chuva e sol forte- Foto: Fábio Donegá

Reportagem: Cláudia Neis

Cascavel – Após a soja – que está sendo colhida agora – sofrer com a estiagem no início do plantio, agora é o milho safrinha que sente a falta da chuva na região oeste do Estado. “Desde o dia 26 de fevereiro as chuvas registradas na região não têm sido regulares nem com volumes satisfatórios, o que está interferindo na germinação e no desenvolvimento do milho safrinha recém-plantado. Há lavouras em que a germinação é desuniforme e outras que sofrem com pragas, como percevejo e cigarrinhas. Diante dessa situação, é possível se prever uma quebra na produtividade em relação à safra do ano passado”, explica a economista Jovir Esser, do Deral (Departamento de Economia Rural) do Núcleo Regional da Seab (Secretaria de Agricultura e Abastecimento) de Cascavel.

Há ainda a possibilidade de redução da área plantada devido ao atraso da colheita da soja, que deixou muitos produtores fora da janela de zoneamento definida para o plantio do grão com cobertura pelo seguro. “Ainda não há como dizer o real percentual de redução da área plantada. Está plantada 99% da área estimada, com base no que os produtores haviam planejado. Mas, o preço do grão está atrativo, a quebra na safra do trigo ano passado e a ampliação do zoneamento até 10 de março estão incentivando o cultivo da safrinha. Então, somente no levantamento município a município, na próxima semana, é que saberemos a redução real da área de milho segunda safra”, acrescenta Jovir.

Segundo a economista, muitos produtores têm optado pelo plantio da cultura mesmo fora da janela de zoneamento e com o solo seco, e muitos que haviam planejado cultivar feijão estão reconsiderando e optando pelo milho por conta do preço, que está variando entre R$ 41 e R$ 43 a saca. “O preço do milho, nesse patamar, é o melhor da história, nunca a saca passou de R$ 40. Além da alta do dólar, há expectativa da redução da área de 4% no Estado, mas o que influencia muito nessa valorização é uma previsão de aumento no consumo interno, ou seja, de transformação do grão em alimento para suíno e frango, já que há uma expectativa de crescimento da exportação de carne”, explica o analista de milho do Deral Edimar Gervásio.

Na região de Toledo, a redução de área é estimada em 3%.

Para Gervásio, é cedo para falar sobre a quebra na produtividade, uma vez que são regiões específicas que sofrem com a falta de chuva e, caso a umidade volte a ficar regular, a planta pode se recuperar, como ocorreu com a soja.

Colheita na reta final

A colheita da soja na região oeste já está quase concluída e os produtores vêm comemorando a safra recorde. Na área de 513 mil hectares da cultura plantados em Cascavel devem ser colhidos 2,5 milhões de toneladas, superando os 2,2 milhões de toneladas da safra 2016/2017, considerada melhor até hoje. Na safra 2018/2019 foram colhidos na região 1,5 milhão de toneladas. “Temos 97% da área de soja colhida já na região oeste. A produtividade média é de 4.086 quilos por hectare, muito acima do estimado. É, sem dúvida, uma grata surpresa para o produtor, especialmente na nossa região, onde o carro-chefe é a soja”, comemora a economista Jovir Esser.

Na região de Toledo, a expectativa é colher 1,9 milhão de toneladas nos 483 mil hectares, superando o recorde de 1,8 milhão de 2016/2017. No ano passado a produção foi de 1,1 mi/t.

No Estado, a expectativa é colher 20,6 milhões de toneladas, superando os 19,9 milhões do recorde de 2016/2017. Ano passado foram colhidos 16,2 mi/t.

Já o milho primeira safra registra produtividade entre 10.000 a 11.300 quilos por hectare. Ainda resta colher 42%. A economista estima que até a próxima semana a colheita da soja esteja finalizada e o milho já tenha um panorama geral de produtividade mais definido. A expectativa é de colher 270 mil toneladas.