Policial

Após morte de policiais penais, Sindarspen pede melhores condições de trabalho

Um suicídio em Foz e uma execução em Ponta Grossa mostram o clima tenso pelo qual os servidores penitenciários do estado estão sendo submetidos

Os servidores Lodeval Santos Ribas e Alberto Fagner Bezerra (Fotos: arquivos pessoais)
Os servidores Lodeval Santos Ribas e Alberto Fagner Bezerra (Fotos: arquivos pessoais)

O Sindarspen (Sindicato dos Policiais Penais) emitiu nota na manhã desta quarta-feira (26) sobre a morte de dois policiais penais. Na nota, o sindicato pede melhores condições de trabalho e acusa o sistema penitenciário de ser o causador da morte dos agentes no Paraná.

Confira a nota na íntegra:

Enquanto o Brasil curtia o carnaval, os policiais penais do Paraná viviam o luto pela perda de mais dois servidores. Alberto Fagner Bezerra e Lodeval Santos Ribas foram as mais recentes vítimas fatais do sistema penitenciário no estado.
Alberto tinha 42 anos e entrou no sistema em 2006. Há quatro anos estava afastado do trabalho para tratamento de depressão. Durante esse período, foi forçadamente transferido da Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu I e para a II. No último sábado (22), Alberto sucumbiu e tirou a própria vida.
Em Ponta Grossa, Lodeval foi alvejado pelas costas, também no sábado, quando estava com amigos em um bar. Homens encapuzados chegaram ao local dando tiros no servidor. Dos 53 anos de vida, 12 foram dedicados ao sistema, com uma carreira marcada pela retidão.
Um suicídio e uma execução que dizem muito sobre os dias tensos que vêm sendo vividos pelos servidores penitenciários paranaenses. Há dois meses, às vésperas do Natal, a categoria também perdeu Edson Cardoso, policial penal da Penitenciária Estadual de Piraquara I executado em frente à sua casa, em Curitiba.
 Será que com mais duas mortes o Governo do Paraná se convence de que não dá para seguir ignorando as condições de trabalho desses servidores? Quantos mais terão que morrer para que o governador Carlos Massa Junior e sua equipe da Segurança Pública invistam no sistema penitenciário?
O último concurso público para agente penitenciário no Paraná aconteceu em 2013. Segundo o Departamento Penitenciário (Depen), para atender a demanda atual seria necessária a contratação imediata de mais 4.100 servidores, além de outros 2.300 para trabalhar nas unidades penais prestes a serem inauguradas pelo governo estadual. Ratinho Junior já se comprometeu várias vezes em realizar concurso público. O que falta para cumprir sua palavra?
Estamos trabalhando no gargalo. Há situações em que uma unidade com mil presos funciona com seis agentes para movimentar toda a massa carcerária para banho de sol, postos de trabalho e estudo, atendimentos jurídico, médico, social etc. As condições de trabalho estão cada dia mais desumanas e nos matando.
Os que não se desesperam diante da pressão e tiram suas próprias vidas, acabam servindo de alvo para criminosos que, diante do descaso do Governo com o cumprimento da Lei de Execução Penal nos presídios, matam aqueles que são a personificação do Estado no cárcere, os policiais penais.
O SINDARSPEN clama para que o Governo do Estado regulamente a Polícia Penal, implante do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) e realize concurso público, dando continuidade às negociações que tanto avançaram em 2019, mas que estagnaram no final do ano passado.
Nossas vidas valem mais do que as economias do Estado!
SINDARSPEN – Sindicato dos Policiais Penais do Paraná