Há pouco mais de um ano, ganhou repercussão a concessão de auxílio-moradia a juízes. A “ajuda de custo” de quase R$ 5 mil era paga a quase todos, mesmo quem tinha casa na cidade onde atuava e havia casos em que marido e mulher recebiam o auxílio. Após muitas críticas e apelo popular, o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) deu o primeiro passo e estabeleceu novas regras ao benefício. Resultado: o custo dessa regalia caiu 98% em um ano, de R$ 394 milhões para R$ 9 milhões por ano.
Veja bem. Não foi proibido o benefício. Ele apenas foi limitado a casos mais coerentes: o juiz só pode receber o auxílio-moradia se não houver imóvel funcional disponível para ser ocupado, se o cônjuge do magistrado não receber auxílio nem ocupar imóvel funcional.
As novas regras se estenderam ao MPF (Ministério Público Federal), que só em 2018 gastou R$ 124 milhões com esse auxílio. Mas ainda não há dados disponíveis de 2019 para avaliar a economia com o fim da farra.
Isso em apenas um pedaço do poder público e em apenas um dos três poderes. Agora imagine multiplicar esse tipo de benefícios aos servidores do Executivo e do Legislativo. Daria para sustentar uma cidade por um ano inteiro e ainda sobrava dinheiro.
A reforma administrativa está no forno, em vias de ser enviada ao Congresso. Não se sabe ainda a extensão dos cortes, se é que existirão. E cabe também reformas no Legislativo. Para se ter uma ideia, cada senador custa R$ 33,4 milhões por ano; cada deputado federal, R$ 6,6 milhões/ano; e tem ainda as assembleias estaduais e as câmaras municipais. É dinheiro que parece não ter fim. Isso porque sai do bolso do contribuinte.