Um dos calos que parecem ser mais sensíveis ao presidente Jair Bolsonaro, a reforma administrativa encontra eco na sociedade. Para resumir, os contrários são apenas aqueles que estão no poder público e aqueles que dependem dos votos deles, ou seja, quem vai votar a reforma.
Ao falar sobre a proposta do novo pacto federativo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, fez uma analogia interessante: “O hospedeiro está morrendo, o cara virou um parasita, o dinheiro não chega no povo e ele quer aumento automático”. A crítica é ao reajuste automático dos salários que o funcionalismo reivindica. Contudo, na ponta do lápis, a correção anual é o menor dos problemas à economia nacional.
Há anos, a máquina administrativa do Estado só engorda, com acúmulos de gratificações e outros benefícios, enquanto a produtividade cai. Fruto da garantia de emprego prevista pela estabilidade, muitos servidores, especialmente em fim de carreira, literalmente esperam o tempo passar, sobrecarregando aqueles que têm disposição para trabalhar e prejudicando o contribuinte, que precisa (e paga) desses serviços.
O salário de um funcionário público federal custa três vezes o de um trabalhador da iniciativa privada, o qual precisa produzir cada vez mais sob o risco de ser demitido.
Até depois que deixam o mercado de trabalho a disparidade ainda é gritante. O teto da aposentadoria na esfera privada é de pouco mais de R$ 6 mil. Na pública, chega a quase R$ 40 mil.
Pelas novas regras aprovadas ano passado, somente em 2048 é que as duas categorias terão igualdade para se aposentar (igualando-se à iniciativa privada, claro).
Ninguém quer punir o servidor público, mas chega uma hora que cansa trabalhar e fazer sacrifícios só para pagar a vida boa de um grupo seleto.