Agronegócio

Clima atrapalhou, depois colaborou: Lavouras se recuperam e quebra será mínima

A volta da chuva regular em dezembro fez com que as lavouras de soja e de milho no oeste do Estado se recuperassem da situação complicada causada pela estiagem que atrasou em mais de um mês o plantio

Clima atrapalhou, depois colaborou: Lavouras se recuperam e quebra será mínima

Cascavel – A volta da chuva regular em dezembro fez com que as lavouras de soja e de milho no oeste do Estado se recuperassem da situação complicada causada pela estiagem que atrasou em mais de um mês o plantio. “Com a chuva as lavouras estão muito boas em um cenário geral. Houve uma melhora significativa e a previsão de quebra é mínima na soja, menos de 3% por hectare em relação à estimativa inicial feita com base na área plantada”, explica a economista do Deral (Departamento de Economia Rural) Jovir Ésser.

Para a soja, a previsão inicial é de que seriam colhidos por 3.700 kg por hectare; após o plantio, feito na época da estiagem e com áreas que tiveram de ser replantadas, a estimativa passou para 3.625 kg por hectare. Na regional de Cascavel, a previsão é de que sejam colhidas 1.862.398 toneladas de soja nos 513.765 hectares cultivados.

Nas lavouras da região já há 3% em início de maturação, 32% de frutificação, 55% em fase de floração e 10% ainda em desenvolvimento. As condições das áreas plantadas são consideradas 75% em boas condições, 22% médias e 3% ruins.

Milho

Já nas lavouras de milho a situação é melhor. “No milho não há previsão de quebra e também não teve área que precisou ser replantada. A estimativa inicial 239.757 kg nos 23.165 hectares cultivados na região está mantida”, garante Jovir.

Do total de lavouras de milho, 20% estão em condições médias e 80% boas. Na região não há informações sobre áreas que ainda estejam em fase de formação, 35% das lavouras está em fase de desenvolvimento e 65% em fase de floração.

Previsão Verão

Apesar da boa expectativa para a produtividade, Jovir alerta que o clima precisa continuar colaborando, com chuvas regulares. O que deve se concretizar. De acordo com o prognóstico climático para o verão, que tem início neste domingo (22), elaborado pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a estação deve ser chuvosa e com temperaturas elevadas.

Mas o Instituto alerta que especialmente nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País o verão será marcado por chuvas fortes, queda de granizo, ventos com intensidade variando de moderada a forte e descargas elétricas.

Paraná deve colher 23 mi/ton

No Paraná, de acordo com levantamento do Deral e da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento), a safra de grãos de verão terá crescimento de 18% com relação ao ano passado e pode chegar a 23,3 milhões de toneladas. Entre os destaques estão a estimativa da soja, com produção de 20 milhões de toneladas.

As lavouras têm boas condições, com crescimento adequado para esta fase do ano. Além disso, há perspectivas positivas também para a cultura do feijão, que pode resultar numa produção 21% maior que a do ano passado. As primeiras colheitas já estão acontecendo e devem se intensificar até o fim de janeiro.

Já na primeira safra de milho se confirma a estimativa de 3,1 milhões de toneladas. “A alteração no calendário de plantio da soja pode impactar na área de milho safrinha. Mesmo assim, a produção pode superar 12 milhões de toneladas”, diz o chefe do Deral, Salatiel Turra.

Para secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, de maneira geral, a safra de grãos no Paraná vive um quadro mais otimista do que nos meses anteriores: “Em algumas regiões nota-se nitidamente que as lavouras estão com mais vigor, o que pode ser um prenúncio de safra cheia para o Paraná”.

Soja

Segundo o Deral, registrou-se uma leve redução de 0,4% na estimativa inicial de produção, que ainda pode sofrer alterações, e manutenção de área de plantio.

A expectativa de produção é de 19,7 milhões de toneladas, 22% maior do que na safra anterior, quando foram produzidas 16,1 milhões de toneladas, e a área está estimada em 5,4 milhões de hectares.

As estimativas devem garantir o Paraná como segundo principal produtor brasileiro do grão. No mercado externo, o impasse comercial entre a China e os Estados Unidos segue como fator decisivo para as exportações.

Feijão

Estima-se para a safra das águas uma área de 150,8 mil hectares, 7% menor do que na safra anterior, quando foram plantados 162,3 mil hectares.

Segundo o engenheiro agrônomo responsável pela cultura, Carlos Alberto Salvador, a redução se deve à escolha dos produtores pela soja e pelo milho. Estima-se a produção de 299 mil toneladas, um aumento de 0,4% com relação à estimativa inicial, e um crescimento de 21% na comparação com a safra anterior, que teve um volume de produção de 247,1 mil toneladas.

Até agora, 8% da área de feijão está colhida – o equivalente a 13 mil hectares, índice considerado normal para este período do ano. “Com as chuvas, há um receio de perdas por parte dos produtores, mas os rendimentos estão dentro da média”, diz Salvador.

Segundo ele, 88% das lavouras estão em boas condições, e não há registros de doenças nem pragas.

A segunda safra de feijão começa a ser plantada em janeiro e esta primeira estimativa mostra redução de 6% na área, de 247,9 mil hectares para 232,8 mil hectares. A produção deve ser 27% maior do que na safra passada, atingindo 455 mil toneladas.

Milho

A primeira safra de milho soma 337 mil hectares plantados no Estado, uma redução de 6% na comparação com a safra anterior. A previsão é de que sejam produzidas 3,1 milhões de toneladas, volume semelhante ao do ano passado.

Em janeiro começa o plantio da segunda safra de milho 19/20. As estimativas indicam uma área de 2,1 milhões de hectares, 5% menor do que na safra anterior. Essa redução foi registrada especialmente no oeste do Paraná, nas regiões de Cascavel e Toledo. As estimativas podem sofrer alterações após o início do plantio. “Mantendo-se esse volume de área a ser plantada, espera-se uma produção próxima a 12 milhões de toneladas, uma queda de 9% com relação à safra anterior”, afirma o técnico do Deral responsável pela cultura, Edmar Gervásio.