Lindoeste – Mesmo com a paralisação da obra a caminho e a demora para o desvio de tráfego, comerciantes de todos os portes têm opiniões divergentes quando se fala na duplicação BR-163 que levará o fluxo de veículos para fora da cidade de Lindoeste. Como foi noticiado pelo Jornal O Paraná ainda no mês de abril, a duplicação da rodovia no trecho de Cascavel até Marmelândia não passará pelo perímetro urbano da cidade. O mesmo ocorreu com o Distrito de Santa Maria, em Santa Tereza do Oeste. O comércio ali praticamente desapareceu com a duplicação contornando o vilarejo e não mais passando no meio dele.
A iminência dessa realidade divide opiniões em Lindoeste: enquanto líderes políticos e empresários locais dizem não se abalar muito com a notícia, os pequenos comerciantes que vivem das vendas de artesanatos e frutas nas barracas que margeiam a rodovia estão desesperados. Eles não sabem de onde virá o sustento quando a duplicação for concluída.
Já os empresários no perímetro urbano acreditam que a diminuição do movimento será sentida, porém não afetará em cheio a economia da cidade.
O proprietário de uma loja de móveis que pediu para não ser identificado afirma que suas vendas não devem cair muito. “Estamos preocupados porque não conseguimos prever o que irá acontecer, mas aqui na minha loja meus clientes são munícipes, não são os viajantes, por isso acredito que minhas vendas irão continuar”.
Tamanha confiança não consegue esconder o que é notório ao passar pelo Centro da cidade hoje: vários pontos comerciais fechados. Porém, de acordo com o departamento de alvarás da prefeitura local, o número de empresas fechadas este ano ainda está dentro da margem considerada normal para todos os anos. “Diferente do que vimos acontecer em Santa Maria, o comércio de Lindoeste não vive apenas dos caminhoneiros e dos viajantes. Nossa economia vem da agricultura. Os dois mercados grandes da cidade, materiais de construção, lojas de móveis, não sobrevivem de vendas para viajantes e sim para os moradores da própria cidade. Não podemos negar que vai diminuir o movimento, mas não deve mudar muita coisa quanto às vendas”, afirma Anderson Ferreira, responsável pelo setor de alvarás do Município.
Anderson reforça que alguns moradores estão aliviados com o desvio do leito da rodovia, pois afirmam que o fluxo intenso de veículos oferece perigo extremo aos moradores.
O sustento do movimento
Já para quem tira seu sustento do movimento que passa pelo perímetro urbano de Lindoeste, como os pequenos comerciantes de frutas, de panelas, de cuias, de artesanatos e lanches, sobretudo os que estão às margens da BR-163, há a concordância de que a situação vai ficar complicada.
O casal Marluci e Leandro tem uma barraca de caldo de cana e afirma que a cidade não oferece muitas outras oportunidades para trabalho. “A prefeitura é a única fonte de renda na cidade, por isso que, para eles, está bom. E para quem não tem outra fonte de renda? Vai fazer o quê? Isso é o nosso ganha pão há cinco anos. E algumas barracas vizinhas empregam várias pessoas”, diz Marluci.
O casal confessa que ainda não sabe o que fazer quando o trecho da rodovia for desviado.
De olho no futuro?
Desconsiderando qualquer variável negativa que a duplicação possa trazer ou de quanto tempo ela levará para ser concluída, a administração municipal diz que o fato de no novo traçado a BR-163 estar fora do perímetro urbano do Município ainda não representa motivos para alardes e que vai investir para se adequar à realidade.
De acordo com o secretário de Administração, Marcelo Forlin, o novo leito deve contribuir para o desenvolvimento da cidade. Ele relata que o Município já está negociando uma área onde futuramente pretende implantar um parque industrial e, inclusive, já existem contatos empresas que interessadas em se instalar na cidade. “Estamos dependendo só da entrega dessa duplicação para que tudo ocorra. A partir daí conseguiremos ter uma visão mais ampla de como as coisas fluirão. Mas os nossos planos são os melhores. Estamos pensando em abrir novos loteamentos, na construção de um parque industrial às margens da rodovia, um centro de eventos e até um lago municipal”.