Reportagem: Juliet Manfrin
Foz do Iguaçu – Em um cenário nacional de recuperação dos empregos formais, a região oeste segue em ritmo bastante lento, contratando bem menos que ano passado. Em agosto, os sete maiores municípios do oeste abriram 560 vagas com carteira assinada. Em agosto de 2018, haviam sido 1.090. O cenário agora só não foi pior que o de agosto de 2017, quando o saldo ficou em 320. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregos) do Ministério da Economia, divulgados ontem (25).
A grande vilã foi a indústria. Segundo a economista Patrícia Krause, a atividade industrial segue bastante fraca, desaquecida e sem grandes tendências de mudanças, ao menos em curto e até médio prazo.
No oeste, o setor que havia empregado em agosto do ano passado 460 pessoas, agora contratou só 52. Já serviços foi o que mais empregou no oeste, com 477 novas efetivações. Em agosto de 2018 haviam sido 590.
A construção civil, que vinha embalada até julho, voltou a recuar e foi o segmento que mais deixou desempregados na região: o setor fechou 119 postos de trabalho em um mês. “São obras que estão chegando ao fim, existem as mudanças no Minha Casa, Minha Vida, o otimismo ainda não voltou com força total, então, em alguns pontos o resultado pode ser analisado como um aspecto sazonal, de outros que a economia ainda não está em plena recuperação”, destaca o economista Marcelo Dias.
Recuperação
Mas se no contexto regional o desempenho ficou aquém do que se esperava, Patrícia Krause lembra que no nacional superou as expectativas. “Esperávamos algo próximo a 98 mil novas vagas e tivemos mais de 121 mil, isso é positivo, mas também é um efeito marginal quando se fala que esse é o melhor desempenho, para o mês, desde 2013 ou 2014. É preciso lembrar que depois disso, em 2015, houve uma queda forte do mercado de trabalho, então a base de comparação é muito fraca”, destacou.
O caixa mais vazio nas prefeituras, nos estados e na União atingiu o serviço público por todo o País, mas na região houve características atípicas. Apesar do fechamento de sete postos em agosto, no acumulado do ano o setor criou dez empregos. Desde 2017 esses indicadores acumulados eram negativos.
E a retomada?
Quanto à retomada dos empregos, a economista Patrícia Krause é categórica: se vier em 2020, será de forma lenta e gradual. Porém, como a economia brasileira ainda é considerada bastante fechada, e muito voltada ao mercado interno, os riscos de uma desaceleração da economia global não deverão levar o Brasil a uma nova recessão no próximo ano. “Então são os contextos mais domésticos que deverão influenciar, como o andamento das reformas, mas a retomada da economia não deve ocorrer como víamos em 2008, 2009, ou seja, pode crescer, mas ainda de forma mais tímida”, prevê.
O mesmo ocorre nesta reta final do ano. Com consumidores com o pé no freio, Patrícia até estima que as contratações temporárias devam ocorrer, mas as perspectivas também não são das melhores.
Acumulado do ano
No acumulado de janeiro a agosto, a geração de emprego na região também é menor. Nos oito primeiros meses de 2018 os sete municípios já haviam aberto 6.585 vagas com carteira assinada. Neste ano, são 4.073 Mais uma vez o principal impacto foi na indústria da transformação, que contratou apenas um décimo do ano passado: 2.070 novas vagas em 2018 para 222 agora.
Os serviços empregaram 2.882 pessoas neste ano, contra 4.034 em 2018.
Os únicos setores que empregaram mais neste ano – considerando o acumulado – foram a construção civil (737 postos em 2018 e 1.013 em 2019) e a administração pública, que ano passado fechou 294 postos de trabalho e agora abriu dez.
O município que mais empregou em agosto foi Cascavel, com 256 vagas em agosto, acumulando 2.739 novos postos de trabalho no ano.
Em agosto, Foz teve o pior desempenho regional, com a extinção de 44 postos de trabalho. enquanto no acumulado do ano o pior saldo é de Guaíra (-35) e Medianeira (-19).
Estado e Brasil
Em todo o País foram criadas 121.387 oportunidades de emprego com carteira assinada em agosto, o melhor resultado para o mês desde 2013, quando foram criadas 127.648 vagas. Em agosto de 2018, houve abertura de 110.431 vagas.
No acumulado de janeiro a agosto de 2019, o saldo é positivo de 593.467 vagas, o melhor para o período desde 2014, quando a abertura de vagas chegou a 751.456, na série. No mesmo período do ano passado, o acumulado era de 568.551.
O resultado do mês foi puxado pelo setor de serviços, que gerou 61.730 postos formais, seguido pelo comércio, que abriu 23.626 vagas de trabalho.
No Paraná, o saldo foi de 8.726 novas contratações no mês passado, também com destaque para os serviços (4.146 vagas). No acumulado do ano, o Estado gerou 49.704 novas ocupações formais, com destaque para o mesmo segmento que, sozinho, empregou 31.035 pessoas.
No comparativo com agosto de 2018, o Paraná empregou menos, já que naquele mês tinham sido feitas 10.339 novas efetivações. Contudo, no acumulado de 2019, os dados são superiores, tendo em vista que de janeiro a agosto do ano passado haviam sido criadas 45.102 novas oportunidades formais.