Política

EDITORIAL: Maria da Penha, avanços lentos

A violência contra a mulher avança em pleno século 21 e não dá sinais de recrudescer. Pelo contrário. Apesar dos avanços obtidos com a Lei Maria da Penha e do fortalecimento da rede de proteção, sete de cada dez vítimas não denunciam as agressões.

O exemplo mais recente, a morte da advogada paranaense em Guarapuava, que teria sido jogada do quarto andar pelo marido, mostra que esse tipo de violência não escolhe classe social ou escolaridade.

O que as autoridades alertam é que esse grau de violência poderia ser evitado se as vítimas denunciassem já nos primeiros atos de agressão, que começa com ataques verbais, restrição financeira, agressões psicológicas. O problema é que talvez muitas mulheres não consigam relacionar aquilo com agressão ou imaginem que o parceiro que amam seria tão cruel ao ponto de lhes tirar a vida. Mas isso acontece! A prova são os inúmeros casos em trâmite nas Delegacias da Mulher e as tantas vítimas que, quando não perdem a vida, podem ter ferimentos que vão carregar para a vida toda, seja no corpo seja na memória.

É importante alertar que nem sempre a agressão deixa marcas aparentes. A violência vem desde a manipulação do agressor, como mentiras, traições, que fazem com que a vítima vá se sentindo acuada e, cada vez mais ferida, perca as forças de sair daquela relação.

Identificar esses casos e ajudar a vítima a sair desse relacionamento perigoso ainda é o grande desafio da sociedade. Infelizmente, muitos ainda acreditam que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher. Isso tem de acabar. Pois, quanto alguém se cala, nasce mais uma vítima.