Brasília – O Ministério da Saúde planeja o “dia D e hora H”, ou seja, o começo da vacinação contra a covid-19 no País em um evento no Palácio do Planalto, apesar de o próprio presidente Jair Bolsonaro afirmar que não pretende ser imunizado. A ideia é realizar a primeira imunização no País na próxima terça-feira (19), data em que governadores devem estar em Brasília para participar de reunião com o ministro Eduardo Pazuello. “Brasil imunizado, somos uma só nação” é o slogan planejado para a cerimônia, que ainda não foi confirmada.
A proposta é vacinar um idoso e um profissional de saúde. O Palácio do Planalto afirma que ainda não há cerimônia prevista, mas o assunto está em discussão no Ministério da Saúde, com o aval do ministro Pazuello.
O evento também tem como objetivo evitar que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), seja protagonista na primeira foto de alguém sendo vacinado no País. O início da imunização se tornou uma queda de braço entre Bolsonaro e o tucano, que há mais de um mês anunciou o início da imunização em seu estado no dia 25 de janeiro.
A definição de uma data pressionou o governo federal a correr para não ficar para trás e tentar evitar que Doria lucre politicamente com o episódio.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, chegou a dizer, em dezembro, que o governador tucano brinca com “a esperança de milhares de brasileiros” ao prometer a campanha nessa data. “Senhor João Doria, não brinque com a esperança de milhares de brasileiros. Não venda sonhos que não possa cumprir, prometendo uma imunização com um produto que sequer possui registro nem autorização para uso emergencial”, disse Franco.
Aval da Anvisa
Apesar de ainda não ter batido o martelo sobre uma data para a vacinação em todo o País, Pazuello tem dito que, na melhor hipótese, começa em 20 de janeiro. Para isso, a expectativa é que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprove no domingo (17) o uso emergencial das vacinas que serão entregues no Brasil pela Fiocruz (o modelo de Oxford/AstraZeneca) e do Instituto Butantã (Coronavac).
Em evento em Manaus na segunda-feira (11), porém, o ministro afirmou que a data será “no dia D e hora H”, frase que virou motivo de piada nas redes sociais.
Ainda na capital do Amazonas, Pazuello foi mais preciso nessa quarta-feira: “Temos duas vacinas para janeiro, muito promissoras, 8 milhões de doses. Quando a Anvisa concluir sua análise, 3, 4 dias depois estamos distribuindo a vacina no Brasil. Ponto! Anvisa vai se pronunciar no dia 17. Botem aí os números para frente. Se a Anvisa alongar para o dia 20, 22, botem os números para frente, mas é janeiro. Hoje decola avião para ir buscar 2 milhões de doses na Índia. É tempo de viajar, apanhar e trazer (…) numa pernada, somos o País que mais imuniza no mundo, em janeiro.”
A ideia do ministério é ter pelo menos 8 milhões de doses disponíveis ainda no fim de janeiro para a vacinação, sendo 2 milhões de Oxford/AstraZeneca, que estão sendo importadas da Índia, e 6 milhões da Coronavac, já armazenadas pelo Butantã. No total, Pazuello afirma que o País terá 354 milhões de doses em 2021, sendo que a imunização exige duas aplicações.
Pazuello se encontra com prefeitos
O presidente da FNP (Frente Nacional de Prefeitos), Jonas Donizette, e mais de 100 prefeitos têm encontro marcado com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, nesta quinta-feira (14), às 10h30. Donizette estará em Brasília, segundo a assessoria da FNP, e os prefeitos vão participar do encontro virtualmente para tratar de pontos emergenciais relativos à vacinação contra a covid-19 nos municípios.
De acordo com a FNP, a pauta da reunião inclui calendário de imunização, planejamento, organização e logística de aquisição e distribuição de insumos.