Reconhecer uma pessoa e poder chamá-la pelo nome parece algo tão simples, mas não para quem trabalha na Ala Covid-19. A paramentação, que envolve gorro, luvas, aventais, máscara e face shield, faz com que a identificação seja mais difícil entre os colegas. E foi após perceber essa dificuldade que a equipe de Psicologia do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (Huop) proporcionou um crachá diferenciado, contendo uma foto, conforme a escolha do profissional, além do nome e função. “Eles trabalham o tempo inteiro paramentados, sem nenhum acessório, somente com os olhos de fora. Com o crachá é possível chamar o colega pelo nome, e sabemos que é muito bom ser reconhecido. A foto maior também é uma maneira de manter a personalidade de cada um que está lá dentro”, explica a psicóloga, Sheila Taba.
A equipe de Psicologia faz parte do grupo de comunicação, que tem como objetivo facilitar o acesso às informações entre os familiares de pacientes. “E foi nesse contato diário, observando o funcionamento do setor, que percebemos isso, que é preciso dizer a todo momento o nome e a função. É um desgaste subliminar, quase imperceptível, mas que pode ser evitado dessa forma”, afirma Sheila.
De acordo com a psicóloga, o crachá também é pensado no paciente que está acordado, para que possam identificar com mais facilidade quem os atende. “Quem está saindo da sedação, por exemplo, tem mais dificuldade para perguntar quem é, e muitas vezes ficam assustados com todos vestidos iguais. Dessa forma, é mais fácil de orientá-los, além de ajudar para que o paciente possa criar um vínculo maior com o profissional no período de internação”, comenta.
Além disso, esse reconhecimento e a possibilidade de chamar o colega pelo nome, também traz benefícios para a autoestima. “Muitas vezes as pessoas não fazem ideia do quanto toda essa paramentação despersonaliza. Chegamos em um momento em que as equipes não se conhecem ou não tem uma relação um pouco mais pessoal em razão disso. Chamar pelo nome valoriza, reconhece, ajuda na autoestima, além de aproximar mesmo em um momento de distanciamento social”, enfatiza Sheila.
A psicóloga ainda ressalta que o uso do crachá não é obrigatório entre os profissionais. “É um carinho a mais que estamos proporcionando”, diz. O material fica guardado na ala, depois de cada uso, para que não haja contato com as áreas externas da unidade.