Reportagem: Cláudia Neis
Medianeira – A exemplo do que ocorre com a dengue, a atualização dos números envolvendo suspeitas de covid-19 nos municípios provoca um “delay” nos boletins e mascara a real situação da doença no Paraná. Segundo a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), até ontem (20) havia 36 casos confirmados, dois deles no oeste: Guaíra e Foz do Iguaçu; e monitora 59 casos suspeitos.
Mas quem está nos municípios tem a impressão que os números são bem maiores. É porque realmente são. A reportagem do Jornal O Paraná levantou os números nas prefeituras da região oeste do Estado e constatou que os casos monitorados por elas são quase quatro vezes o que consta no boletim da Sesa. Conforme o boletim divulgado ontem (20), constam na região 59 casos suspeitos, mas as prefeituras monitoram 228 casos.
A Sesa não respondeu sobre as causas da divergência, mas, conforme especialistas ligados às secretarias municipais, podem ocorrer equívocos na notificação (protocolo, por exemplo) e demora na atualização do sistema de informação.
Os municípios com maior diferença são Medianeira, Cascavel e Foz do Iguaçu. Medianeira, por exemplo, nem figura no boletim do Estado, mas o Município tem 47 casos suspeitos, dentre os quais oito já manifestaram sintomas. O boletim de Cascavel informa 95 casos suspeitos, mas no estadual são 15. Já Foz do Iguaçu monitora 61 pacientes, e o boletim da Sesa informa 30.
Outras cidades da região ainda não aparecem no boletim estadual: Nova Aurora, onde um paciente faleceu com suspeita da doença, tem mais um paciente em monitoramento; Terra Roxa (1), Três Barras (1) e ainda Marechal Cândido Rondon, que registrou duas novas suspeitas. Outras cidades figuram com números desatualizados também.
Quais casos compõem o boletim?
Diante do aumento significativo de casos suspeitos divulgados pela Prefeitura de Cascavel, que passou de 43 para 95 casos em um dia, a reportagem questionou a Secretaria de Saúde sobre a ampliação. A explicação está no aumento da zona de risco no País, o que amplia a abrangência para considerar os casos suspeitos, caso a pessoa tenha visitado um desses locais.
As secretarias municipais seguem o protocolo do Ministério da Saúde, inclusive de sinais e sintomas condizentes.
Sentinela
A Sesa trabalha ainda em outras ações que possam auxiliar na identificação de locais onde o vírus está presente. Um destaque é o Sentinela, sistema que faz o controle da circulação de vírus no Estado. “Ele constata, com dados oficiais, os vírus que circulam no Paraná. São 51 pontos, em Curitiba e no interior, que coletam os dados periódica e aleatoriamente. Inserimos, nesta semana, o coronavírus na série de testes, para poder detectar se o vírus está circulante no Estado, mesmo que não tenha notificação oficial”, explicou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.