Toledo – A Secretaria Municipal de Saúde de Toledo confirmou que 20 detentos da Cadeia Pública testaram positivo para covid-19, dentre 22 testes realizados. Um servidor que presta serviço no local também testou positivo.
Instituições como a Abracrim-PR (Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas do Estado do Paraná) e o Sindarspen (Sindicato dos Policiais Penais do Paraná) se manifestaram com preocupação sobre o assunto.
“Em uma unidade que está acima da lotação e em condições muitas vezes nem tão salubre, o risco se agrava. Diante disso, a preocupação da Abracrim é com a saúde e a segurança dos advogados que prestam atendimento lá, quanto dos agentes penitenciários e dos presos, pois isso pode resultar um problema extra muro, com o colapso do sistema de saúde”, disse o diretor de prerrogativas da Abracim-PR, Luiz Fernando Stoinski, que busca a adoção de medidas com as autoridades competentes.
A busca por informações, aliás, é uma cobrança constante da imprensa e do Sindarspen (Sindicato dos Policiais Penais do Paraná).
O sindicato quer que seja implantado um cronograma de testagem nas unidades penais do Paraná e que haja mais transparência na divulgação dos testes e dos resultados.
Segundo informações de policiais penais que trabalham na região, a descoberta dos casos em Toledo só aconteceu após a doação de 200 testes para a direção regional do Depen em Cascavel. “Essa situação prova o que todos já sabíamos: de que há subnotificações de casos de coronavírus no sistema penitenciário do Paraná. Se não houver testagem, não haverá confirmação dos casos e, consequentemente, não haverá tratamento adequado aos doentes”, argumenta o presidente do Sindarspen, Ricardo Miranda.
Soltura em massa?
Luiz Stoinski praticamente descarta uma soltura em massa de presos. “Soltura em massa dificilmente ocorrerá, mas cada juiz deve analisar cada situação, como se o detido tem sintomas ou é assintomático, se faz parte do grupo de risco, se está condenado ou detido provisoriamente, enfim, deve analisar caso a caso”.
Secretaria “interdita” a cadeia
Em nota, a Sesp (Secretaria de Estado da Segurança Pública) informou que, especificamente sobre a cadeia de Toledo, “a unidade prisional está totalmente isolada e estão proibidas novas entradas no local”, e “que, após as confirmações, estão sendo adotadas todas as medidas cabíveis para conter a transmissão e evitar que outros presos sejam contaminados”.
Esclareceu ainda que, “com o Depen [Departamento Penitenciário], adotou diversas medidas para impedir a contaminação de agentes e detentos do sistema prisional do Paraná. Houve distribuição de máscaras a presos e servidores, e ampla divulgação sobre sintomas da infecção e formas de evitar o contágio. As visitas, inclusive, foram restringidas logo após o início da pandemia”.
Disse também que “foi criado um Plano de Contingência para a população carcerária, que prevê, entre outras ações, locais de isolamento para os casos suspeitos e confirmados da covid-19. Por questões de segurança e estratégia, não serão informadas as unidades”.
Matéria atualizada às 21h07