POLÍTICA

Selic: Galípolo garante que BC manterá “liberdade” sobre aumento em maio

Entenda como a Selic pode ser afetada pelas recentes decisões do Banco Central em meio à turbulência política - Foto: Divulgação
Entenda como a Selic pode ser afetada pelas recentes decisões do Banco Central em meio à turbulência política - Foto: Divulgação

Brasil - Em meio ao turbilhão político em torno do julgamento que tornou o ex-presidente Bolsonaro réu no “Inquérito do Golpe”, o presidente do BC (Banco Central), Gabriel Galípolo, disse tem certo “grau de liberdade” sobre a decisão de aumentar a taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), sinalizando que a elevação pode variar entre 0,25 e 0,75 p.p. (ponto percentual). “Entendemos que o ciclo precisa se estender, mas, devido às incertezas, em menor magnitude. A gente consegue informar um horizonte só até a próxima reunião sobre o que estamos pretendendo fazer, preservar esse grau de liberdade”, disse Galípolo.

O presidente do Banco Central indicado pelo presidente Lula, apresentou ontem (27) o Relatório de Política Monetária reduziu de 2,1% para 1,9% a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro deste ano2025. A ata da última reunião do Copom traz que a desaceleração da economia é “elemento necessário” para conduzir a inflação para a 3%, dentro da meta estabelecida, que tem intervalo entre 1,5% a 4,5%. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de fevereiro foi 5,06% e, segundo o BC, deverá subir para 5,6% em março e ficar próxima de 5,5% nos próximos meses.

De acordo com Galípolo, a Selic atual entrou “num patamar de taxa de juros” que é contracionista “com alguma segurança”, mesmo para aqueles agentes financeiros que calculam uma taxa neutra mais elevada que o Banco Central. Na última reunião, o Copom elevou taxa a básica para 14,25% ao ano e já apontaram para novo aumento em maio, porém, em “menor magnitude”.

Protagonista

Durante entrevista após a apresentação do Relatório de Política Monetária, Gabriel Galípolo, disse que foi “protagonista” na reunião que sinalizou alta da taxa básica, a Selic, em dezembr, contrariando a afirmação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a decisão do aumento teria partido ao ex-presidente Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL).

“Eu já tinha dito que o Roberto Campos [Neto] havia sido generoso de, já na última reunião [de 2024], pudesse permitir que eu pudesse assumir um papel maior de protagonismo ao longo da discussão daquela reunião do Copom. Para além disso, todos os diretores têm autonomia e, em todos os meus votos e em todos os votos dos diretores, está lá expresso o que é a consciência e a visão de cada um dos diretores”, afirmou.

Inflação acima da meta

Galípolo afirmou que, no curto prazo, o país terá inflação acima do intervalo da meta.

“O Banco Central tem consciência que esse é um momento um pouco mais incômodo do ponto de vista de indicadores econômicos. Você vai estar com uma taxa de juros caminhando para um patamar elevado do ponto de vista de contração e ainda com inflação rodando acima da meta”, disse.