A análise das pesquisas eleitorais mostra o enfraquecimento do presidente Lula na corrida presidencial de Brasil em 2026 - Foto: Agência Brasil
A análise das pesquisas eleitorais mostra o enfraquecimento do presidente Lula na corrida presidencial de Brasil em 2026 - Foto: Agência Brasil

Brasil - A dois anos da próxima eleição presidencial, o presidente Lula (PT) enfrenta sinais de enfraquecimento político e um cenário eleitoral mais adverso. Duas novas pesquisas divulgadas nesta semana — do Instituto Gerp e da Genial/Quaest — indicam que o petista perde força entre eleitores e teria dificuldades em um eventual segundo turno contra nomes da oposição.

De acordo com o levantamento do Instituto Gerp, Lula seria derrotado por Jair Bolsonaro (PL), Michelle Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) em simulações de segundo turno para a disputa presidencial de 2026. O estudo faz parte do 9º Relatório das Eleições 2026 e ouviu 2 mil pessoas em todo o país.


O petista também aparece tecnicamente empatado com Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Ciro Gomes (PDT) e Ratinho Jr. (PSD), considerando a margem de erro de 2,24 pontos percentuais. Pelo Gerp, Lula venceria apenas os cenários contra Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil).

O único dado favorável ao presidente no levantamento é o crescimento simbólico na intenção de voto espontânea, em que aparece numericamente à frente de Jair Bolsonaro pela primeira vez: 24% contra 23%. Mesmo assim, o empate técnico evidencia que o equilíbrio entre os dois polos políticos permanece, sem avanço expressivo do petista.

O próprio Gerp avalia que o resultado “demonstra reativação da lembrança eleitoral do presidente, mas também o equilíbrio entre os polos que estruturam a disputa política nacional desde 2018”. Em outras palavras, Lula mantém o núcleo fiel, mas não amplia sua base de apoio.

Reprovação em alta

A pesquisa Genial/Quaest, reforça o diagnóstico de que o governo Lula atravessa um momento delicado. Segundo o levantamento, 37% dos brasileiros avaliam a gestão como negativa, enquanto apenas 33% a consideram positiva. Outros 27% classificam como regular, e 3% não souberam responder.

Apesar de uma leve melhora em relação a levantamentos anteriores, o saldo entre aprovação e reprovação segue desfavorável. A avaliação negativa supera a positiva, e o governo não consegue consolidar uma percepção de avanço — mesmo com indicadores econômicos mais estáveis.

A aprovação pessoal de Lula é de 49%, contra 48% de desaprovação, um empate técnico dentro da margem de erro. O petista mantém desempenho melhor no Nordeste (62%), entre eleitores de baixa renda e com menor escolaridade, mas segue enfrentando forte rejeição entre evangélicos (63%) e eleitores de classe média e alta, grupos decisivos em eleições nacionais.

“Direção errada”

Os dados também revelam ceticismo quanto ao cumprimento de promessas: 63% dos entrevistados afirmam que Lula não tem conseguido cumprir o que prometeu na campanha. Apenas 32% avaliam o contrário.


A percepção de que o país “vai na direção errada” é majoritária: 56% dos brasileiros acreditam que a situação piora, enquanto só 36% veem avanços.

Outro dado preocupante para o Planalto é que 46% dos eleitores percebem mais notícias negativas do que positivas sobre o governo — uma tendência que reforça o desgaste da imagem presidencial e dificulta a comunicação de resultados.

Direita consolida novas lideranças

Os dois levantamentos chegam em um momento em que o governo tenta recuperar protagonismo político após seguidas crises internas, dificuldades na articulação com o Congresso e a perda de ministros de partidos aliados, como PP e União Brasil.
A base parlamentar se enfraqueceu, e o cenário de polarização com o bolsonarismo segue inalterado, limitando o espaço de Lula para conquistar eleitores de centro.

Ainda que o presidente mantenha apoio expressivo em seu reduto tradicional — o Nordeste —, os números mostram que a resistência ao seu governo continua elevada nas demais regiões, especialmente no Sudeste, onde se decide a eleição. O quadro, avaliam analistas, coloca Lula em posição defensiva para 2026, com alta taxa de rejeição, baixo entusiasmo popular e perda de fôlego entre setores que o apoiaram em 2022.

O avanço de nomes como Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro em simulações eleitorais reforça o movimento de consolidação da direita em torno de novas lideranças, enquanto o petismo enfrenta o desafio de renovar seu discurso.

Com a economia ainda em recuperação e o ambiente político fragmentado, o Planalto sabe que, se as tendências se mantiverem, Lula chegará à disputa de 2026 mais vulnerável do que em qualquer outro momento de sua trajetória recente

Simulação de 2º Turno

Jair Bolsonaro: 48%

Lula: 36%

Nenhum: 11%

Não sabe/Não respondeu: 5%

Michelle Bolsonaro: 48%      

Lula: 36%

Nenhum: 11%

Não sabe/Não respondeu: 5%

Tarcísio de Freitas: 45%      

Lula: 36%

Nenhum: 13%

Não sabe/Não respondeu: 6%

Eduardo Bolsonaro: 41%   

Lula: 38%

Nenhum: 17%

Não sabe/Não respondeu: 5%

Lula: 38%

Ratinho Jr: 34%

Nenhum: 24%

Não sabe/Não respondeu: 5%