Cascavel – A falta de materiais e medicamentos continua sendo uma realidade no HU (Hospital Universitário) de Cascavel, embora a direção garanta que “está tudo bem”.
Funcionários confirmam que materiais básicos e medicamentos estão em falta constantemente e a preocupação é que a situação comprometa a qualidade dos atendimentos.
Duas remessas de material hospitalar como luvas cirúrgicas e itens utilizados para curativos foram adquiridas pelo HU e chegaram ainda ontem à unidade. A compra emergencial dos dois lotes, que somam cerca de R$ 12 mil, é a primeira em quase dois meses, já que a última aquisição havia sido feita em maio. Mesmo assim, o empenho dos dois lotes, que devem ser pagos em 30 dias à empresa vencedora da licitação, é de cerca de um quarto do valor médio mensal que era adquirido normalmente, de cerca de R$ 40 mil. As informações constam no site da instituição, são públicas e foram repassadas por fontes ligadas ao fornecedor desses insumos.
A mesma empresa que fornece esses materiais básicos venceu a licitação para a entrega de medicamentos em geral e anestésicos, que, de acordo com a direção clínica, estavam em falta havia cerca de um mês e que, assim como antibióticos, estão sendo emprestados de outros hospitais. A licitação é na modalidade registro de preços, ou seja, a aquisição é feita gradativamente, assim como o pagamento.
A direção-geral do HU garantiu que o estoque de materiais está em dia e que eventuais faltas se devem a atrasos pontuais de entregas. Mas o atendimento aos pacientes está normal. Inclusive, não confirmou os dados da compra de insumos, mas não repassaram quais seriam os “valores corretos”.
Outra informação é de que os recursos para a aquisição dos medicamentos já existem, mas que dependem da liberação orçamentária do Estado e que até a próxima semana tudo estará resolvido.
Salários
Outra questão que depende da liberação do governo estadual é o pagamento dos médicos e outros funcionários terceirizados, que deveria ter ocorrido até o dia 15 deste mês.
Enfermeiros estão com o pagamento do mês de junho pendente e os médicos não receberam o valor referente a maio, que soma mais de R$ 1,6 milhão.
No fim do mês de junho, os médicos restringiram o atendimento a urgência e emergência devido à falta de pagamento. A situação só foi regularizada duas semanas depois, após intensa pressão da mídia local.
E o concurso?
Diante de todas essas questões, o problema mais grave do HU permanece sem solução. Os contratos dos médicos terceirizados, responsáveis pelo funcionamento de 80% do hospital, terminam no dia 26 de agosto e até o momento nenhuma solução foi apresentada. Há um ano a Justiça do Trabalho firmou termo de acordo com a direção do hospital e da Unioeste determinando que a partir dessa data não haveria mais esse tipo de contratos.
A Unioeste chegou a abrir concurso público, mas ele foi suspenso por ordem do governo do Estado porque não houve autorização prévia.
Desde então, a Unioeste e o Estado dizem estar discutindo a situação para encontrar uma alternativa.
Na terça-feira, em Cascavel, o governador Ratinho Junior foi categórico e disse que não haveria contratações nem liberação de concurso sem planejamento.
Questionada pela reportagem do Jornal O Paraná sobre a proximidade da data limite e como ficaria a situação do HU, a Secretaria de Estado da Saúde informou que está contribuindo com a solução da situação junto à Unioeste e que no momento o assunto está em discussão. Mas garantiu que o hospital continuará funcionando normalmente.
Já a Unioeste não respondeu os questionamentos.
Reportagem: Cláudia Neis