Política

Horários de trabalho alterados?

Audiência pública realizada na noite de quarta-feira (14), na Câmara de Vereadores, debateu o horário de atendimento do comércio, da indústria e da prestação de serviços em Cascavel. Sindicatos, entidades, empregadores e empregados participaram da discussão, que apresentou diferentes opiniões.

Logo no início da audiência, o presidente do Sindec (Sindicato dos Empregados no Comércio de Cascavel e Região), Osvaldecy Pisapio, apostou em uma postura contrária a da grande maioria. Segundo ele, estender o horário do comércio em três turnos – opção mais debatida durante o encontro – vai contra a postura de defesa do trabalhador, que se vê obrigado a concordar com o empresário, mesmo a contragosto, para a manutenção do emprego.

Por outro lado, o presidente da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel), Edson Vasconcellos, preza por dar opções de horários ao empregador de acordo com o setor em que atua. “Não pode haver a proibição como temos no feriado do [aniversário] do município, por exemplo. É preciso dar opção ao empresário e abrir possibilidades de ter oportunidades em Cascavel, visto que esta é uma forma de gerar ainda mais empregos, de colocar no mercado aquele que está desempregado, e é nisto que está fundamentado o desenvolvimento”, explica.

Da mesma maneira, o presidente do CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas), Samuel Matos, vê na mudança do horário de atendimento do comércio, seguindo o código de posturas do município, uma forma de fortalecer a economia local. “O empresário precisa ter liberdade para abrir a empresa no horário que lhe compete, sempre respeitando a legislação trabalhista. Se o negócio é viável numa determinada hora e ele optar por abri-lo, o poder público ou os sindicatos não podem dizer o horário que ele pode abrir ou não. Isso deve ser uma opção”, afirma.

Legenda: Audiência pública, de iniciativa do vereador Serginho Ribeiro, discutiu abertura do comércio em horários diferenciados

(05local audiência pública)

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Mais audiências

O gerente regional do Ministério Público do Trabalho, Joaquim Ribeiro, defendeu a proposta de serem organizadas outras audiências públicas que discutam o tema. “São nestes debates que se abordam assuntos que envolvem interesse social e não só econômico”, diz.

Ribeiro comenta que lhe causa estranheza quando ouve falar em abertura de empresas em quaisquer horários e questiona: “como fica o pai de família que não pode cuidar do filho porque tem que trabalhar? Que ditado é esse que trabalha em horário diferenciado quem gosta? Será que o empregado vai trabalhar porque quer ou porque precisa?”. Ainda segundo o gerente do MPT, o discurso de geração de empregos ou renda não se justifica, principalmente por conta dos avanços tanto ao empregador quanto ao empregado ao longo dos anos, mesmo em meio a uma crise econômica. “Isso nunca se debateu. Por que só agora?”, pontua.