Brasília – O ministro da Economia, Paulo Guedes, resolveu se tornar mais claro e avisou: o pagamento de salários de servidores federais será interrompido se a reforma da Previdência não for aprovada no Congresso. E justifica: o governo federal está quebrando e a interrupção do pagamento de salários do funcionalismo será “a primeira coisa a acontecer”.
Guedes disse ainda que seria o “colapso” de estados e municípios: “200 milhões de brasileiros precisam disso [da reforma da Previdência], mas tem seis, sete, oito milhões que se beneficiam dessa fábrica de desigualdade [que é a Previdência atual] e que querem impedir a reforma”, afirmou o ministro em evento promovido nessa segunda-feira (25) pela FNP (Frente Nacional de Prefeitos). “Servidores públicos deveriam entender, e até a maioria entende, que [a reforma] é uma forma de garantir suas aposentadorias e seus salários”, completou.
Durante sua explanação, o ministro ressaltou que prefeitos e governadores também sofrerão caso a reforma não passe, porque eles também não terão dinheiro para pagar os aposentados e servidores: “O déficit da Previdência está engolindo as finanças públicas dos governos.”
Desespero
Essa foi a primeira vez que o ministro mencionou o corte dos salários. Até então, ele preferia o discurso de que a proposta era uma forma de salvar as futuras gerações do atual regime previdenciário e de resolver a crise fiscal.
O desespero das declarações se manifesta após uma semana conturbada, em que o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) entrou em rota de colisão com o Executivo, colocando a mobilização pela aprovação da reforma em xeque.
Sobre essa polêmica, o ministro falou que se trata de um problema de comunicação, por se tratar de um governo novo. “Há um problema evidente de comunicação. É um governo chegando”, disse Guedes. “As principais lideranças políticas vão superar eventuais problemas de comunicação”, completou o ministro.
Panos quentes
Guedes disse que Maia apoia a reforma da Previdência e que não será diferente agora e reforçou que está confiante na relação com o Congresso, pois acredita que os parlamentares sabem do tamanho do desafio e têm consciência da necessidade de aprovar a reforma.
“Se alguém for derrubar algum ponto [da reforma], eu só peço que não fique abaixo de R$ 1 trilhão”, afirmou ao mencionar qual é a economia esperada com a reforma da Previdência ao longo de dez anos. O projeto enviado pelo governo prevê um ganho fiscal de R$ 1,082 trilhão.
“Eu acredito que teremos a reforma aprovada. Isso interessa a todos os prefeitos, aos governadores, ao Distrito Federal. Isso interessa a todos nós. Eu acredito nisso”, afirmou o ministro, que aproveitou para pedir o empenho de todos em prol da Nova Previdência. “Tem uma agenda extraordinária pela frente porque a qualquer momento você pode morrer por causa do colapso previdenciário.”
Prefeitos querem reforma imediata
Os prefeitos aproveitaram a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, para pedir a aplicação imediata da reforma da Previdência nos municípios, sem passar pelas Câmaras de Vereadores. A ideia é evitar o desgaste político de levar o tema à assembleia municipal, já que no próximo ano haverá eleição para prefeitos e vereadores.
A aplicação imediata da reforma a estados e municípios já está prevista no projeto encaminhado pelo governo ao Congresso. Mas a proposta estabelece que o aumento das alíquotas deverá ser aprovada pela Câmara dos Vereadores para entrar em vigor e dá o prazo de até dois anos para criar um regime complementar para municípios que ainda não têm esse modelo.
Segundo a FNP (Frente Nacional de Prefeitos), se a reforma for aprovada e aplicada imediatamente nos municípios, a economia em âmbito municipal com os regimes próprios de aposentadoria de servidores chegará a R$ 32 bilhões em quatro anos e R$ 150 bilhões em dez anos.