ELEIÇÕES 2024

Fão do Bolsonaro: “Eu já fui assessor e foi a incompetência dessas pessoas que me fez chegar até aqui”

Foto: Paulo Eduardo/O Paraná
Foto: Paulo Eduardo/O Paraná

Cascavel – Na sequência da série de entrevistas exclusivas do jornal O Paraná com os vereadores eleitos pela primeira vez para o exercício do mandato em Cascavel, nesta edição a conversa é com o empresário Fão do Bolsonaro (PL). O objetivo da série é aproximar os eleitores das propostas e trajetórias dos novos representantes. Fão conquistou 2.287 votos nas urnas no dia 6 de outubro. Esta foi a segunda vez que disputou um cargo à Câmara de Cascavel. Com uma comunicação bem característica, Fão do Bolsonaro fala sobre os planos para seu primeiro mandato na Câmara de Cascavel. Confira entrevista na íntegra no final da matéria.

O Paraná – Você fez 2.287 votos nas eleições de 2024, um número bastante alto para um candidato que não possuía mandato. No entanto, você já disputou outras eleições. Qual o panorama que você faz dessa eleição de 2024?

Fão do Bolsonaro – A gente vê nessas eleições que o eleitor em si ele quer renovação, mas não é só renovar por trocar. Eu vejo que eles estão procurando renovação com competência. Eu acredito que deva ser uma das melhores legislaturas dos últimos anos. A gente vê gente nova com sangue no olho aí; que quer fazer a diferença, que quer trabalhar, que quer mostrar que dá para fazer. Pelas conversas que eu tô tendo nesse primeiro momento, espero que essas pessoas que falaram consigam cumprir isso e honrar os seus eleitores, que também votaram neles esperando isso aí. Então eu acredito que vão ser quatro anos e a gente tá, como diz outro, ‘se babando de vontade’ pra mostrar que dá pra fazer.

O Paraná – O que a gente pode esperar do Fão da Câmara de Vereadores a partir de 2025?

Fão do Bolsonaro – Eu acredito que a sociedade tá cansada do que vem acontecendo. Muita reclamação, vereador isentão, vereador que não se posiciona, vereador que não tem lado e a gente vê que no Brasil a população nacional se posicionou. E é isso que eles esperam dos seus representantes eleitos agora. Então, eu acredito que eu sou um cara que eu vou fiscalizar, isso eu não tenho dúvida. Eu já fui assessor e foi a incompetência dessas pessoas, a frustração que eu tive, que me fez chegar até aqui. […] Então a população de Cascavel pode esperar que eu não tenho o rabo preso com ninguém. Eu vou fazer o que tem que ser feito. E graças às pessoas que me decepcionaram e que trabalharam contra, hoje eu sou vereador de Cascavel com 2.287 votos. […] Então, agora, a população pode deixar comigo que eu vou fazer o que tem que ser feito.

O Paraná – Fão, você pretende fiscalizar além do Poder Executivo, a própria Câmara, os próprios colegas?

Fão do Bolsonaro – Tudo. Porque assim – eu faço campanha em cima de uma pauta. Eu me elejo em cima de uma coisa. Aí o eleitor vai lá e vota pensando que está votando em uma pessoa que vai defender a saúde, o esporte. Chega lá, quatro anos, tem um projeto pra votar lá pra melhorar o esporte, e esse o cara vota contrário. Então é isso, é esse tipo de fiscalização que a gente vai estar [fazendo]. Espero não precisar fazer isso aí e peço que Deus dê sabedoria não só pra mim, mas também pros 20 colegas que vão estar representando mais de 300 mil habitantes nessa cidade aqui. Então eu espero que não roam a corda.

O Paraná – A gente sabe que as pessoas que são mais antissistema ou tem essa vontade de investigar o sistema, fiscalizar, muitas vezes não tem vida fácil. Você acredita que você terá vida fácil na Câmara de Cascavel?

Fão do Bolsonaro – Eu não dependo de política para sobreviver, então, probabilidade de eu fazer conchavo para ficar no poder é zero. Eu vou fazer o que tem que ser feito, o que as pessoas que eu já confiei não tiveram coragem de fazer. Mas eu vou fazer o que é certo. Para mim o que é certo é certo, não tem meio certo e meio errado. Não sou o pai da razão, não sou o ‘deus da verdade’, só quero fazer o que é certo. Se todo mundo tiver de comum acordo de fazer o que é certo, não vou ter problema com lado x, y ou z.

O Paraná – Além das pautas fiscalizatórias do Poder Executivo e Legislativo, quais são suas outras pautas para a população de Cascavel?

Fão do Bolsonaro – A gente entende de tudo um pouquinho, saúde, educação, esporte, meio ambiente. Mas a gente vê que as pautas ideológicas são aquilo que vem mexendo com o futuro das nossas gerações. E já estão invertendo os valores éticos, morais e cristãos da família brasileira. Então, eu me elegi pautado em cima disso. Então, não esperem nada que vier contra isso. É isso que eu vou fazer lá dentro. Por exemplo, o projeto de ideologia de gênero, que é o Escola Sem Partido, em Cascavel, nem nas comissões passou, mas já temos que entrar. Um monte de cristão dentro da Câmara de Vereador, não é possível que nós não vamos conseguir aprovar o projeto Escola Sem Partido no nosso município. E tem muitas outras coisas que vêm de encontro à necessidade da nossa população que o pessoal não fala. […] Vou dar outro exemplo, para você ir no posto de saúde, você tem que pegar uma ficha. Por que não tem um aplicativo que pelo celular você resolve tudo? Qual que é o problema? Porque a tecnologia chegou. Então, a gente tem que trabalhar com tecnologia, a gente tem que usar a tecnologia a nosso favor, aquilo que presta a nosso favor.

O Paraná – Você será uma voz do Bolsonaro ou do movimento bolsonarista na Câmara de Cascavel?

Fão do Bolsonar – Não tem nem como não ser. Eu vejo que a direita não tem dono, a gente vê que a direita que nasceu, que aflorou de fato, depois do surgimento do nosso presidente Jair Messias Bolsonaro. E eu fiquei conhecido por causa do Bolsonaro. Eu comecei lá atrás, ninguém sabia quem que era o Bolsonaro, lá com o movimento Bolsonaro Cascavel, estive em Brasília, fui para São Paulo. E o que a gente está buscando nas ruas? Representatividade política. É representatividade. […] Como que conseguiram aparelhar o sistema? São 30 anos que o PT vem trabalhando para aparelhar do jeito que tá. E a direita tem que entender que é assim que funciona. A gente tem que ter representantes políticos, não tem o que fazer. Aí chega na hora do vamos ver, o pessoal racha tudo, vota em cara que se diz, não tem nem histórico e dá nisso. Joice Hasselmann, João Dória, Alexandre Frota, traidores da nação e traidores dos eleitores. É o que eu tô te falando: eu vou fiscalizar o companheiro ali, porque ele se elegeu falando da família, aí chega numa pauta da família e vai votar contra, ou vai ser isentão, da dor de barriga? Então sim, sou uma voz do Bolsonaro, uma voz da direita, de todos os eleitores que votaram e que não votaram em mim. Eu quero incentivar os bons a participarem da política, porque quando o bem se cala, o mal toma conta. Então o Brasil virou esse antro de corrupção pela isenção dos bons. […] Então, eu sou uma voz da direita, eu sou uma voz do Bolsonaro e já tô até vendo pra gente estar em Brasília em fevereiro.

O Paraná – Os vereadores eleitos já te procuraram para falar sobre a eleição da Mesa Diretora da Câmara?

Fão do Bolsonaro – Já, já fui procurado, o pessoal já veio falar comigo já e eu tô dando atenção pra todo mundo, mas eu acredito que todo mundo já sabe qual que é a minha linha. Não tem novidade pra ninguém. Se tem um cara ali que não é Kinder Ovo, sou eu. Eu não tenho surpresa nenhuma. Os vereadores já sabem o que eu espero de uma legislatura, de um presidente da Câmara, de uma mesa. Então, eu acredito que não vai ter surpresa nenhuma em questão do meu voto, meu apoio, ou se o pessoal tá querendo que eu seja candidato a presidente da Câmara, mas isso aí é uma conversa que tem que ser muito mais debatida, porque você não consegue fazer nada sozinho. […] Eu acredito que o próximo presidente vai ter muito trabalho, sendo eu ou sendo quem for, porque a sociedade merece uma resposta à altura, porque teve muita renovação. Isso mostra que a população quer renovação. E muita gente nova se reelegeu.

O Paraná – Você estará junto com o prefeito eleito Renato Silva?

Fão do Bolsonaro – Com certeza, enquanto ele estiver fazendo o que é certo, pode contar comigo 24 horas por dia. Só que eles já sabem do meu posicionamento, como é que funcionam as coisas, e não é porque a gente está no mesmo partido que eu vou apoiar a coisa errada. Então, enquanto a gente estiver na mesma linha, sem dúvida.

O Paraná – Em 2026 terá eleição para deputado. Você pretende concluir seu mandato como vereador ou planeja disputar o pleito de 2026?

Fão do Bolsonaro – O meu intuito é eu concluiu o mandato de vereador. Já me chamaram para umas reuniões, e com pessoas que eu não conheço, que eu não tenho intimidade, e eles querem me lançar candidato a deputado estadual porque disseram que Cascavel precisa de um bolsonarista que defenda aquilo que eu tô correndo atrás todos esses anos. […] Falei, gente, vamos deixar nas mãos de Deus, primeiro começar esse mandato pra ver o que vai dar. Nesse momento não tem interesse nenhum de ser candidato, mas também não posso falar que eu não vou ser. […] Então assim, falar que não vou ser não tem como, porque em uma dessa o Bolsonaro chega lá e bate nas minhas costas e diz: Pô Fão, vai ser candidato a deputado estadual. Então não tem como eu falar que não vou ser. Agora vai depender muito de como vai ser esses dois anos, como que vai ser essa articulação.

Veja no vídeo abaixo a entrevista completa: