Curitiba – A Assembleia Legislativa do Paraná está trabalhando ao lado de outras instituições estaduais para combater a desinformação, as fake news e a manipulação das redes sociais nestas eleições municipais, que ocorrem em novembro. A preocupação com as redes de disseminação de notícias falsas e a influência no pleito foi discutida nessa terça-feira (15) durante audiência pública remota “Eleições municipais no Brasil: o combate às fake news e manipulação das redes sociais”.
Com proposição do primeiro-secretário da Assembleia, deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB), e do deputado Professor Lemos (PT), o debate reuniu representantes do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral do Paraná), da OAB-PR (Ordem dos Advogados do Brasil seção Paraná), de deputados federais, além de especialistas e estudiosos do tema.
Para o deputado Romanelli, o combate à propagação de fake news é o grande desafio do poder público nas próximas eleições. “Sabemos que essa prática é ruim tanto para a democracia quanto para o processo eleitoral. Temos de avançar nas discussões para termos clareza acerca de tema tão importante”, disse.
Para Lemos, a prática tira direitos de quem está votando: “Desejamos que o eleitor seja respeitado nas próximas eleições”.
Umas das grandes ações para combater a desinformação nas eleições paranaenses é uma ferramenta desenvolvida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná e que tem entre seus parceiros a Assembleia Legislativa. O site Gralha Confere (https://gralhaconfere.tre-pr.jus.br/) é um projeto oficial da Justiça Eleitoral em parceria com diversas instituições públicas e privadas do Estado para realizar e divulgar checagens restritas a conteúdos relacionados ao processo eleitoral, à segurança do voto eletrônico e à legitimidade da Justiça Eleitoral.
De acordo com o presidente do órgão, desembargador Tito Campos de Paula, o objetivo é aumentar o potencial informativo do processo eleitoral, subsidiar a cobertura jornalística das eleições, esclarecer os eleitores e manter a integridade do pleito. Ao mesmo tempo, o TRE vai disponibilizar um número de telefone para contato via um aplicativo de troca de mensagens instantânea para receber dos eleitores denúncias de notícias falsas. “Com essas ferramentas, pretendemos propagar informações corretas com a mesma rapidez com que as fake news se espalham”, explicou.
Para o desembargador, educação e informação são os meios para combater notícias falsas: “Esse é o principal meio de prevenção. Quanto mais falarmos sobre isso, mais as pessoas vão se conscientizar”, afirmou.
Para o presidente da OAB-PR, Cássio Telles, iniciativas como o Gralha Confere auxiliam na educação da população. “Este é um projeto pioneiro que serve de exemplo para todo o País. É uma maneira eficaz de combater às fake news”, avaliou Telles.
Aritmética
A visão é semelhante à do pesquisador do tema e professor da Universidade de Brasília (UnB) Jonas Valente. Para ele, existem duas formas de coibir a disseminação das fake news: capacitar a sociedade e os candidatos para fazerem denúncias e a Justiça Eleitoral dar, de fato, respostas à desinformação.
De acordo com o especialista, há uma espécie de “aritmética” das notícias falsas. De um lado, há grupos financiados para a criação das fake news. De outro, as redes sociais incentivam o engajamento e o compartilhamento de informações de qualquer natureza, fazendo com que as pessoas fiquem mais tempo possível on-line para construir um rastro digital e, posteriormente, vender conteúdo direcionado. “Enquanto isso não for de fato combatido, não teremos sucesso”, afirmou.