Brasil - Em mais uma sequência de declarações desastrosas, o presidente Lula (PT) deixou milhares de prefeitos e prefeitas do Brasil revoltados. “Você chega em uma cidade e pergunta: ‘Prefeito, como é que está a educação?’ [Ele responde]: ‘Está maravilhosa, a educação aqui é fantástica’. ‘Prefeito, como é que está a saúde?’ ‘A saúde aqui é fantástica’. Aí você pergunta: ‘Seu filho estuda nessa escola fantástica?’ [E a resposta é]: ‘Não’. O filho dele está em uma [escola] que não presta, particular”, disse o presidente em cerimônia no Palácio do Planalto, na segunda-feira (10), durante a entrega do Prêmio Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização.
E continuou: “Aí você pergunta: ‘Você se atende no pronto-socorro que você acha que é espetacular?’ [O prefeito diz]: ‘Não, meu filho, eu levo em outro lugar’. Então, esse país não vai dar certo nunca. Esse país só vai dar certo o dia que a classe média voltar para a escola pública. E [a classe média] só vai voltar para a escola pública quando ela melhorar”.
Lula no Sírio
Nas redes sociais, milhares de usuários cobraram a fala de Lula. Apesar de criticar os prefeitos, Lula busca atendimento “preferencialmente” no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Vale lembrar que em dezembro de 2024, Lula foi levado a São Paulo para drenar um hematoma na cabeça, causado por uma queda. Ele ficou internado entre os dias 9 e 15 de dezembro no Sírio-Libanês. A equipe médica do presidente é comandada pelo cardiologista Roberto Kalil Filho, conhecido por atender autoridades e celebridades. Kalil atendeu os ex-presidentes Michel Temer (MDB), Dilma Rousseff (PT), Fernando Collor (PRTB) e José Sarney (MDB), todos atendidos no Sírio-Libanês ou no Hospital Albert Einstein, na capital paulista.
Lula repetitivo
Lula fez a mesma crítica no evento de credenciamento do Instituto de Matemática Pura e Aplicada como Instituição de Educação Superior, no Rio de Janeiro, em dezembro de 2023:
“Muitos governantes não conhecem, porque os filhos deles não estudaram na escola que ele diz que é boa. Você chega a um prefeito e pergunta: ‘Como é a educação municipal na sua cidade?’ Ele diz: ‘Extraordinária, fantástica’. ‘Teu filho estuda nela?’, ele responde: ‘Não’”.
Lula
Sobre saúde foi a mesma coisa: “‘Como é a saúde na sua cidade?’, ele responde: ‘Extraordinária, fantástica’. ‘Você vai ao médico aqui?’ e o governante responde ‘Não’”. E completou: “As pessoas que não precisam do serviço público acham maravilhoso cortar gastos”.
Sem prefeituras “a gente não consegue construir a casa forte”
Já na terça-feira (11), na abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, promovido pelo governo federal em Brasília, Lula foi mais amistoso, e disse que o governo quer fortalecer a parceria com as prefeituras do país para que os programas federais cheguem, de fato, aos cidadãos. Portanto, Lula reforçou que nenhum prefeito será discriminado em razão do partido político e que as políticas são feitas para “o povo da cidade”.
“A prefeitura é uma coisa que a gente sabe, ela é famoso alicerce para que a União dê certo, é o famoso alicerce para que os governadores possam ter sucesso, porque sem esse alicerce a gente não consegue construir a casa forte que a gente precisa construir”, disse durante a abertura do Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, promovido pelo governo federal em Brasília.
Mais de 20 mil prefeitos e gestores municipais participam do encontro que tem o objetivo de aproximar as prefeituras dos programas federais, com a ampliação de investimentos locais, capacitação de gestores na captação de recursos e fortalecimento do pacto federativo. Ademais, o evento ocorre até a próxima quinta-feira (13), com conferências, oficinas e estandes de apresentação de diversos órgãos públicos. Todos os ministérios farão atendimento aos gestores municipais no local do encontro.
“Tem muita coisa porque nesse país não vão parar de acontecer as coisas que têm como significado a inclusão social. Porque eu voltei a governar para provar mais uma vez que esse país tende a ser um país altamente desenvolvido e ele só será desenvolvido se a cidade for desenvolvida. Não há Estado rico com cidade pobre, e não há cidade rica com o Estado pobre. É preciso que haja um compartilhamento das coisas entre o governo federal e o governo municipal”, acrescentou.
“Lulinha fica”?
Por fim, sem se desculpar ou explicar as críticas aos prefeitos que fez na segunda-feira, Lula afirmou que, apesar da sua humildade, tem certeza que é o que mais sabe cuidar dos prefeitos:
“Estejam certos, não precisa ninguém falar, eu sou muito humilde, mas eu duvido que, na história desse país, teve um presidente que já cuidou desse prefeitos como eu já cuidei. Quando eu terminar o meu mandato, vocês vão dizer: Lulinha, fica, porque nós precisamos de um presidente que goste de nós”.