POLÍTICA

Com novo debate ideológico, Câmara aprova empréstimo de R$ 50 milhões para educação

Vereadores de Cascavel aprovam projeto de lei para empréstimo de R$ 50 milhões e reformas em escolas municipais - Foto: Assessoria
Vereadores de Cascavel aprovam projeto de lei para empréstimo de R$ 50 milhões e reformas em escolas municipais - Foto: Assessoria

Cascavel e Paraná - Os vereadores de Cascavel aprovaram, por unanimidade, em sessão ordinária realizada ontem (19), o Projeto de Lei nº 61 de 2025, que autoriza o Executivo Municipal a contratar um empréstimo de até R$ 50 milhões com a Fomento Paraná. Os recursos devem ser utilizados na reforma de cerca de 12 instituições de ensino da rede municipal e na construção de um novo CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) na região do bairro Santa Cruz.

Financiamento

O líder do governo, vereador Xavier (Republicanos), explicou que o financiamento será pago em até oito anos, com carência de um ano e juros de 6% ao ano mais a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).

Segundo a justificativa da Prefeitura, há “necessidade urgente de intervenção em diversas instituições da Rede Municipal” que apresentam deficiências estruturais e operam, em alguns casos, sem autorização do Conselho Municipal de Educação, sem licença do Corpo de Bombeiros e da Vigilância Sanitária. Algumas delas, inclusive, estão sob Ações Civis Públicas do Ministério Público que exigem regularização imediata.

Apesar da aprovação sem votos contrários, a discussão em plenário foi novamente marcada por embates ideológicos — desta vez com duras críticas direcionadas ao sindicato dos professores, ausente na galeria do plenário durante a votação.

O primeiro a levantar a questão foi o vereador João Diego (Republicanos), que, ao observar a plateia, criticou a ausência de representantes sindicais: “Em um dia em que essa Casa vota um importante recurso para a educação, não temos ninguém do sindicato aqui. Uma pena”.

O vereador Everton Guimarães reforçou o discurso, afirmando que o sindicato “só aparece quando se trata de direitos, mas não está presente quando se trata de investimentos na estrutura das escolas”.

Já o vereador Fão do Bolsonaro (PL) foi além e fez ataques diretos à entidade, que classificou como “mentirosa” e partidária. “Em Cascavel tem um sindicato, sindicato esse mentiroso, que veio aqui mentir sobre educação e falar que nós vereadores éramos contra a educação. […] Cadê o sindicato aqui fazendo o L lá no fundo e batendo palma para essa administração? Cadê o Lula para investir recurso federal aqui? […] Eles são sindicados da educação, mas nem ler um projeto de lei são capazes”, disparou.

As declarações de Fão provocaram reações imediatas. O vereador Edson Souza (MDB) criticou o uso político do debate e defendeu a atuação dos sindicatos. “Cria-se uma polêmica onde não precisa. Os sindicatos são fundamentais para a representação dos trabalhadores. E demonstra, Fão, que você precisa entender um pouquinho melhor o município. Boa parte do financiamento da educação vem do Fundeb, um fundo nacional.”

Na mesma linha, a vereadora Bia Alcantara (PT) classificou as falas como desnecessárias. “É inegável a função do sindicato em Cascavel. Jamais essa Casa de Leis deveria levantar a ideia de que o sindicato é um problema. […] Você acabou de dizer que descobriu que existe sindicato depois de virar vereador.”

Apesar das trocas de farpas, o projeto foi aprovado sem resistências.

Escolas e CMEIs beneficiados

De acordo com a prefeitura de Cascavel, as escolas e CMEIs que serão beneficiadas com reformas oriundas da operação de crédito são: Escola Ita Sampaio (Parque Verde), Escola Florêncio C. Neto (Guarujá), Escola Maria F. Q Araújo (Pacaembu), Dulce P.P. Tavares (Brasília), CMEI Peter Pan (São Cristóvão), CMEI Emma Gnoato (Santa Cruz), CMEI Gente Pequena (Tarumã), Escola Artur Carlos Sartori (Santa Felicidade), Escola Ana Neri (XIV de Novembro), CMEI Passos para a Vida (Morumbi), CMEI Espaço e Vida CAIC II (Santa Cruz) e Escola Édison Pietrobelli CAIC II (Santa Cruz).