Três meses após advogados abandonarem o plenário sob a justificativa de cerceamento de defesa, a Justiça de Guarapuava retoma nesta terça-feira (4) o júri popular de Luis Felipe Manvailer, marido acusado pela morte da advogada Tatiane Spitzner. Inicialmente marcado para ocorrer em dezembro do ano passado, o julgamento foi adiado duas vezes.
Manvailer foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) por homicídio qualificado, por motivo fútil, morte mediante asfixia e feminicídio, além de fraude processual.
Segundo o MP-PR, o crime aconteceu na madrugada de 22 de julho de 2018, após uma discussão de Manvailer e Tatiane quando retornavam de uma casa noturna. O réu teria passado a agredir a vítima e boa parte dos fatos chegou a ser registrada pelas câmeras de segurança do prédio onde o casal morava. Ao final das agressões, segundo a ação penal, a mulher teria sido lançada da sacada do apartamento pelo marido.
De acordo com o advogado da família de Spitzner, Gustavo Scandelari, a expectativa é de um veredicto condenatório e uma pena alta. “Não tem como ser diferente disso. Estamos torcendo para que dessa vez, finalmente, o júri saia, após três adiamentos, e que nada ocorra para que seja adiado”, diz.
Vídeos
O caso ganhou repercussão nacional após a divulgação de vídeos das câmeras de segurança do prédio. Segundo o MP-PR, a mulher teria sido lançada da sacada do apartamento pelo denunciado após as agressões.
Para os advogados Cláudio Dalledone Junior e Adriano Bretas, porém, todas as provas do processo criminal apontam para a ocorrência de um suicídio.
Abandono de plenário
Dalledone justificou o abandono do plenário durante entrevista. Segundo ele, o juiz Adriano Scuissiato não permitiu que um vídeo, que não estaria juntado aos autos, fosse exibido na sessão.
O defensor, porém, afirma que as imagens já faziam parte do processo desde 2018, inclusive a acusação já teria veiculado alguns trechos do material. “A defesa foi impedida de usar os 8 TB de imagens que foram apreendidas pela polícia. Eles passaram pelo Ministério Público que pinçou só aqueles trechos que lhe eram convenientes. Pedimos para subir no processo eletrônico o material e o juiz disse que não teria condições de suportar os 8 TB. As imagens sempre estiveram nos autos. Ficamos quase 40 minutos sustentando ao juiz e pedindo reconsiderações, mas ele disse que não poderíamos utilizar as imagens. Isso não nos deu alternativa e justificadamente abandonamos o plenário para que ele [Manvailer] possa ter o direito de defesa”, explicou o advogado.
Dalledone afirma que as imagens mostram pessoas violando a cena, pessoas combinando versões, e pessoas falando que viram Tatiane se jogar.
Nesta semana, a A 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná afastou uma multa de 100 salários mínimos imposta aos advogados que abandonaram a sessão.
Fonte: Banda B