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Alerta nas redes sociais: Quadrilhas aliciam paranaenses para se prostituírem na China

Alerta nas redes sociais: Quadrilhas aliciam paranaenses para se prostituírem na China

Curitiba – Forças de segurança como a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) e a Seju (Secretaria de Estado da Justiça) atuam em conjunto para identificar quadrilhas que estão interceptando jovens paranaenses para prostituição na China. Embora sejam mulheres maiores de idade, ao chegar à Ásia, elas vivem em condições de escravidão e raramente conseguem a liberdade.

Os grupos, que contam com o envolvimento de aliciadores principalmente em redes sociais e aplicativos de relacionamento, aumentaram a atuação desde o ano passado, informam as forças de segurança.

O caso mais recente terminou com êxito. A paranaense foi trazida de volta tão logo chegou ao outro lado do mundo. Ela não conseguiu passar pelos procedimentos legais para permanecer naquele país justamente quando foi questionada a razão de ter ido para lá. E, juntando as evidências e as indicações de quem a levou para a Ásia, conseguiram identificar que ela viraria uma escrava sexual.

Segundo o apurado pela reportagem, desde o ano passado foram três situações muito parecidas envolvendo paranaenses. Outras duas mulheres não tiveram a mesma sorte e chegaram a ficar em poder das quadrilhas.

Com base nos relatos oficiais, todas são garotas de programa, sabiam para onde iriam e o que fariam, só que, ao contrário da promessa de gordos salários, elas não tinham ideia de que viveriam em cárcere privado e trabalhariam em regime de escravidão.

As investigações apuraram que elas têm ficado no máximo de 10 a 15 dias em um mesmo endereço e, para despistar a fiscalização, são levadas para outras casas.

Após meses nessas condições, essas duas mulheres também conseguiram voltar para o Brasil. Elas relataram que todas as vezes que uma delas pede para voltar, só consegue após muita insistência, brigas, ameaças e, por fim, precisam garantir a indicação de outra jovem para ocupar seu lugar.

Essas três já estão nas estatísticas oficiais, mas ainda não se tem dimensão de quantas outras paranaenses possam estar em poder dessas quadrilhas. O que se sabe é que os aliciamentos têm crescido de forma exponencial e as promessas de uma vida rentável, também. As garotas estão sob proteção oficial e sua identidade é preservada.

Chineses “preferem” as brasileiras

O mapeamento dos casos tem revelado ainda que, após um longo período tendo a Europa como o principal destino para o tráfico de pessoas para a exploração sexual, as facilidades de comunicação e as portas do mundo relativamente abertas têm feito com que o planeta se abra para esse tipo de crime. “Na China a prostituição é latente, está muito forte, bastante presente e as brasileiras estão entre as preferidas. No caso das paranaenses que foram recambiadas, todas são lindíssimas, ou seja, o aliciamento vai em direção a essas mulheres”, afirma uma agente que acompanha o resgate das vítimas e que, por questões de segurança, não pode ser identificada.

Quanto à vítima que acaba de voltar para o Paraná, ela não tinha ideia de que cairia nas mãos de uma quadrilha e precisou ser convencida de que se tratava de um grupo criminoso.

A jovem de 26 anos esperava mudar de vida na Ásia. A promessa era de um excelente salário. “Essa jovem foi violentada pelo pai aos 5 anos de idade. Quando adulta, se casou e era vítima de violência do marido. Além disso, era obrigada pelo próprio companheiro a se prostituir para bancar uma vida boa para ele. Entre uma condição dessas aqui e uma de seguir sendo profissional do sexo na China, ela aceitou ir com a esperança de que deixaria de ser agredida e que ganharia bem”, revela a agente.

Segundo ela, toda a viagem foi patrocinada pelo aliciador.

Reportagem: Juliet Manfrin

 

 

RETRANCA

 

Paranaense é dopada no Texas

 

Outro caso que está sendo acompanhado pelas autoridades nacionais e internacionais se trata de uma paranaense de 30 anos que foi ao Texas, nos Estados Unidos, no fim do ano passado. Nesse caso, o objetivo é levar a situação ao conhecimento das autoridades brasileiras para tentar desmantelar uma ou mais quadrilhas que agem no tráfico de pessoas naquele país, inclusive com suspeitas de tráfico de órgãos.

A jovem é de classe média alta e estava hospedada em um hotel de luxo. Ao visitar o cassino ela foi dopada. “Ela pediu uma bebida no bar do cassino e pediu uma informação para o atendente. Mas ela notou que o garçom fez um sinal para dois rapazes. Eles imaginavam que ela estava sozinha e agiram”, conta a gestora que acompanha o caso.

O grupo não sabia que a jovem estava com o namorado. A mulher passou mal no banheiro do cassino, quando foi capturada por dois homens. De acordo com os relatos da jovem, ela ficou dias em poder dos rapazes, sempre dopada, mas a princípio não houve violência nem crime sexual.

Foi o próprio namorado, que é policial no Brasil, que conseguiu resgatar a vítima após rastreá-la pelo Texas. Os detalhes de como se deu essa captura não foram revelados.

A suspeita é de que quadrilhas – possivelmente motivadas pelo tráfico de pessoas e/ou de órgãos – estejam agindo com foco em viajantes solitários.

O casal também está sob proteção do órgão paranaense.

Juliet Manfrin

 

 

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