A Polícia Federal confirmou ontem (6), durante coletiva sobre a Operação Cravada – deflagrada para desarticular o núcleo financeiro do PCC (Primeiro Comando da Capital) responsável pela arrecadação de valores que financiam crimes em diferentes estados -, que os assassinatos dos agentes Melissa Almeida e Alex Belarmino, em Cascavel, foram uma forma de pagamento de dívidas de integrantes da facção que não conseguiam contribuir financeiramente. “Muitas vezes eles aceitam ser castigados pela falta de pagamento com o cometimento de crimes, como aconteceu com a morte dos agentes federais em Cascavel. Os autores eram devedores da facção e executaram os serviços para pagar a dívida”, revelou o delegado Martin Bottaro Purper, coordenador da Operação.
Alex Belarmino era agente federal lotado em Brasília e estava em Cascavel para ministrar curso na Penitenciária Federal de Catanduvas. Ele foi assassinado em setembro de 2016 no Lago Municipal de Cascavel. Já Melissa Almeira era servidora pública da Penitenciária Federal de Catanduvas e foi morta quando chegava em casa em maio de 2017.
Durante a operação, policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na casa de um homem identificado como facilitador de transações bancárias, ou seja, ele emprestava a conta para depósito da espécie de “mensalidade” paga pelos membros da facção. Documentos, extratos e comprovantes de depósitos bancários, além de bilhetes com troca de mensagens de membros do PCC da região foram apreendidos. Ninguém foi preso em Cascavel.
A Operação
O principal objetivo da operação é o sufocamento do financiamento de crimes por parte do PCC. Na investigação foi descoberto um esquema de arrecadação de valores que gerava uma movimentação de cerca de R$ 1 milhão por mês nas contas relacionadas à facção e que eram usadas para bancar a estrutura ao redor dos presídios e comprar armamento.
Foram expedidos 55 mandados de busca e apreensão e 30 mandados de prisão, oito deles contra presos que já cumprem pena em presídios estaduais, três em São Paulo, um no Mato Grosso do Sul e quatro no Paraná.
Toda a movimentação financeira era controlada de dentro das penitenciárias e organizada com planilhas específicas para entrada e saída de valores.