No Brasil, a corrupção é tratada como censo comum, prática institucionalizada e muitos ainda se conformam com aquela “rouba mas faz”. Vivemos tantos anos assistindo aos jogos de compadrio, filho de fulano enriquecendo da noite para o dia, políticos multiplicando exponencialmente seus patrimônios sem justa explicação, grandes grupos cada vez mais presentes e mais ricos, que até nos acostumamos.
A casa começou a ruir no governo petista, com o mensalão. O esquema até foi revelado, mas a falta de punição para a maior parte do grupo manteve a população na sua convicção de que é assim mesmo, só pobre vai preso. Veio a Lava Jato e muita coisa que não imaginávamos aconteceu. O ex-governador do Rio Sérgio Cabral acaba de levar sua 29ª condenação. Talvez não saia vivo da cadeia. Assim como ele, outros figurões da política sumiram do cenário porque, ou correm da Justiça ou estão atrás das grades mesmo.
Vivemos tanto tempo alheios que tantos ainda custam a acreditar e defendem fervorosamente a inocência de condenados.
Embora a força-tarefa tenha pisado no calo de muita gente e ainda luta para não ser engolida, alguns esquemas escancarados nos horrorizam.
É como aquela mulher já conformada que o marido olhe demais para a visinha e no fim descobre que ele já tem mais umas três famílias e um punhado de filhos.
A verdade dói, mas não existe remédio se não tirarmos a venda. Aceitar que a corrupção é muito maior do que imaginávamos e que são poucos os que são de fato honestos é o primeiro passo para a construção daquele país que queremos.
Por Carla Hachmann