Política

Status livre de aftosa: Secretário convicto de que Ratinho não recua

Cerca de 800 pessoas participaram da discussão ontem, em Cascavel

Foto: Secom
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Cascavel – O secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, afirmou ontem, durante fórum sobre o fim da vacinação contra a febre aftosa no Paraná, que o governador Ratinho Júnior não deve recuar no processo de tornar o Paraná livre da vacinação já: “98% do Paraná apoia e luta pelo status agora; 2% quer que aguardemos outros estados para adquirir o status em bloco, mas estou convicto de que o governador não deve ceder e, com certeza, em setembro deste ano o Ministério da Agricultura deverá declarar o Paraná área livre de febre aftosa sem vacinação”, garantiu Ortigara.

Questionado sobre a movimentação de pecuaristas da região norte do Estado que querem retardar a suspensão da vacinação, Ortigara foi enfático: “Existe um posicionamento contrário da Sociedade Rural de Londrina e de Maringá, que têm visão diferente. São contra a nossa ida sozinhos [do bloco], acham que podemos esperar um ano e juntar outros estados. Nós respeitamos a opinião deles, mas a ideia de irmos em bloco não é possível. Não temos garantia de que no ano que vem ou em dois ou três anos Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Rondônia e outros vão estar com seus serviços qualificados à altura da necessidade exigida. O momento é de isolar o Paraná pelos ganhos e pela redução de riscos que nós podemos ter com esse isolamento”, ressaltou o secretário.

Apoio geral

No Fórum de ontem, em Cascavel, entidades, políticos e empresários presentes fizeram discursos calorosos em apoio ao fim da vacinação: “Sanidade é uma questão vital para o desenvolvimento do Estado e o momento é este. O governador não pode voltar atrás, temos que ser firmes e focar no futuro que depende dessa decisão”, afirmou o presidente do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), José Roberto Ricken.

Danilo Vendruscolo, presidente do POD (Programa Oeste em Desenvolvimento), ressaltou a promessa do governador Ratinho Junior: “Sanidade é prioridade. O governador não pode trair a confiança de quem votou e acreditou nele. Eu quero acreditar que o cronograma proposto vai ser cumprido. Até o Ministério da Agricultura está a favor do Paraná, não tem sentido isso não acontecer”.

O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, apresentou os números que comprovam a necessidade e o crescimento que o status trará ao Paraná. “Toda a cadeia produtiva vai ganhar R$ 500 milhões [por ano] com esse status. As possibilidades de exportação vão abrir inúmeras oportunidades. Nós estamos falando da vida de milhares de produtores de suínos e de leite. Nós somos responsáveis pela produção de 15% do leite do País e não podemos exportar porque não temos a certificação; 22% da produção de carne suína do País é nossa… é muita coisa em jogo. A hora é agora e todos nós precisamos nos unir para que isso aconteça. O emprego de milhares de pessoas e o desenvolvimento de muitas cidades dependem disso”, enfatiza Dilvo.

O diretor-presidente da Frimesa, Valter Vanzella, também foi direto na necessidade de posicionamento do governo: “O Estado tem que escolher entre milhões de pessoas ou uma minoria de meia dúzia de pessoas que traz bezerros do Mato Grosso. Eles estão defendendo o deles, mas o governo não pode levar isso em conta e recuar. Esse é o momento do Paraná”, declarou Valter.

Com a declaração do status este ano, a certificação internacional pode ser conquistada em 2022. “Estamos focando em algo maior, numa dimensão de

fortalecimento e crescimento da produção de proteína animal aqui, no Paraná, e por isso estamos convictos do nosso avanço”, complementa o secretário de Agricultura.

Paraná deve produzir 37 mi de ton de grãos

Curitiba – Relatório da safra 2018/2019 divulgado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, mostra que a produção paranaense de grãos pode chegar a 37,1 milhões de toneladas, uma variação positiva de 5% em relação à safra anterior.

Segundo o Deral, o milho pode representar 17% do total nacional na safra 2018/2019. O Estado ocupa a segunda posição no ranking brasileiro de produção do grão, que é de aproximadamente 95 milhões de toneladas.

De maneira geral, as estimativas mostraram pequenas variações na comparação com o mês passado, com redução de 12% na produção de grãos de verão, por força da perda da safra de soja. Além disso, reduziu a expectativa de produção do milho safrinha, mas mesmo assim deve superar 13 milhões de toneladas.

Com a relação à cultura do trigo, a área de plantio confirmou-se menor em relação à safra passada: “Porém, as estimativas em termos de produção de grãos desta safra ainda superam a do ano anterior”, diz o chefe do Deral, Salatiel Turra.

Segundo o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o Paraná teve sua maior produção agrícola na safra 16/17 e, desde então, problemas climáticos afetaram os melhores desempenhos.

Reportagem: Cláudia Neis