A parábola do Bode na Sala já é bastante conhecida. Conta a história de um homem que, cansado do ambiente de reclamações em casa, amarra no centro da sala um bode, por sugestão de um amigo sábio. Além da bagunça que causou, o bode tinha um mau cheiro de matar. Uma semana depois, todos odiavam o bode. O homem voltou ao amigo sábio, que lhe aconselhou a tirá-lo e limpar a sala. A ausência do bode e a limpeza do local devolveram a harmonia à família.
Embora seja contada como piada, a estratégia parece funcionar. Muitas vezes, o governo apresenta o bode e espera todos se digladiarem. Mede as críticas, avalia os estragos, causa um desconforto para então “resolver” o problema de todos, tirando o bode.
A nova CPMF tem cara de bode, cheiro de bode e até “bode expiatório”.
Após a intensa polêmica criada com a proposta de substituir alguns encargos por um imposto sobre as movimentações financeiras, o governo retira a proposta da mesa dizendo que nunca cogitou servi-la.
“Medir” a febre da sociedade e dos políticos tende sempre a ser uma artimanha eficiente, ainda mais para aqueles que precisam de popularidade.
Contudo, não é uma estratégia que se possa ser usada o tempo todo, pois corre-se o risco de cair em descrédito e não ter o efeito esperado.
Se a nova CPMF estava mesmo no contexto da reforma tributária talvez nunca tenhamos certeza. E, se estava, vai dar trabalho para elaborarem um plano B dentro de um assunto tão complexo, importante e urgente.