O vereador Roberto Parra (MDB) entregou à Comissão da Saúde da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e aos novos membros da Comissão Permanente da Saúde da Câmara de Cascavel um dossiê com tudo o que apurou durante dois anos. Os documentos devem servir de base para uma ação civil pública contra o governo do Estado para que sejam ressarcidos os cofres públicos municipais devido a internamentos supridos pelas UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) devido à falta de vagas em hospitais.
Parra confirmou uma reunião nesta quinta-feira com o secretário de Estado da Saúde, Carlos Alberto Gebrim Preto, para apresentar a cobrança de medidas emergenciais para desafogar as UPAs de Cascavel e assim fazer com que o governo paranaense assuma sua obrigação.
Ontem o vereador chegou a dizer que o Estado deve intervir no comando do Hospital Universitário “para que fique nas mãos de quem consiga fazer algo”.
Em oito anos, nas gestões de Beto Richa e Cida Borghetti, segundo o vereador, nada foi feito para resolver esse problema que se tornou crônico. “O Município tem que ser ressarcido. Vamos cobrar pelos pacientes que ficam mais de 48 horas nas UPAs. Quem tem que arcar com essas despesas é o governo do Paraná. Já tivemos caso de paciente que ficou 60 dias na UPA à espera de leito. O Município gasta com internamento, enquanto deveria gastar com saúde primária. Vamos colocar o Estado contra a parede”.
Na apuração, Parra constatou que a União repassa a Cascavel 1,7 mil AIHs (Autorizações de Internações Hospitalares) por mês, mas que são usadas apenas 1,2 mil. No entanto, cidades vizinhas, que juntas têm direito a 962 AIHs, usam mais de 1,2 mil. “Quem está sendo prejudicada é a população de Cascavel, que vem sendo fraudada em seus direitos”.
HU de madrugada
Em requerimento aprovado ontem, Roberto Parra pede ao governo do Estado para que realize mutirões de cirurgias eletivas em Cascavel para acelerar o atendimento da fila de espera: há pacientes há quatro anos na fila.
A apuração revela que há 3 mil pessoas à espera de procedimentos relacionados a retirada de pedras da vesícula e outros mil com pinos com sinais de rejeição.
O vereador sugere que o centro cirúrgico do HU seja aberto de madrugada e médicos recebam horas extras para atender esses pacientes.
Parra denunciou ainda, na tribuna, que médicos de plantão do HU estariam rejeitando pacientes mesmo com leitos de UTIs (Unidades de Terapia Intensivas) vagos. “Ficamos sabendo que havia três leitos de UTIs, mas o médico não liberou a transferência de pacientes. Ocorre que os médicos têm liberdade de escolher se vai ou não receber o paciente”, reclama.