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Bovinocultura crê em reação “suave” de preços da arroba já a partir de 2024

Bovinocultura crê em reação “suave” de preços da arroba já a partir de 2024

A pecuária brasileira tem experimentando um momento delicado nos últimos tempos. Em conversa com especialistas do setor, a expectativa é da recuperação e retomada suave nos preços da arroba do boi a partir do próximo ano.

Para entender o cenário atual e o que esperar daqui para frente, a equipe de reportagem do Paraná Rural conversou com dois especialistas do setor: um de Cascavel e o outro do Mato Grosso do Sul. O primeiro é o pecuarista e engenheiro agrônomo Leonardo Folador e o segundo, o pesquisador e chefe de tecnologia da Embrapa Gado de Corte em Campo Grande, Luiz Orcírio Fialho de Oliveira, que esteve recentemente proferindo uma palestra na Sociedade Rural do Oeste do Paraná atendendo convite da Timac Agro.

Antes de apresentar sua visão sobre os preços futuros da arroba do boi, o pecuarista Leonardo Folador fez um breve resgate histórico para entender os motivos de uma arroba tão baixa observada nos últimos meses nos principais mercados do País, entre os quais consta o oeste paranaense. “Esse enfraquecimento do valor da arroba passou a ser sentido com maior intensidade a partir do segundo semestre do ano passado. Recentemente houve uma leve reagida no mês de setembro e começo de outubro, mas já vem perdendo um pouco de força”.

Hoje, a arroba do boi no oeste do Paraná oscila entre R$ 230 e R$ 240, bem abaixo dos R$ 320 registrados em 2021. Outro fator é atribuído ao ciclo pecuário, a postura do pecuarista em reter as fêmeas nos anos anteriores com a finalidade de produzir mais bezerros, com os preços chegando a R$ 2.500 e R$ 3.000 para cada bezerro, tornando atrativa essa comercialização. “Essa situação ocasionou a falta de gado, uma vez que essas matrizes foram retidas”.

Com a produção de bezerros em alta, esta oferta maior não consegue ser absorvida pelo mercado forçando os preços da reposição para baixo, desanimando o produtor de gado a manter as matrizes. Com essa maior oferta de fêmeas nos abates, as cotações do boi gordo caem.

A maior ou menor oferta é determinada pelo preço do bezerro, pela reposição. Quando o preço da reposição está atraente, há retenção de vacas para a produção de bezerros. A retenção de matrizes para cria reduz a oferta de bovinos para abate: a oferta cai e a cotação da arroba do boi sobe.

Esse movimento dura até que a produção de bezerros seja tanta que o mercado não a absorva com facilidade e, o preço cai. Com a queda do preço do bezerro, assiste-se a um desestímulo à produção e matrizes são enviadas para o abate, aumentando a oferta e derrubando a cotação do boi.

Resumindo, é o abate de fêmeas, de matrizes que determina o aumento ou a redução da oferta, uma vez que o abate de machos é regular. Todo bovino macho vai para o abate, para a produção de carne.

“O produtor passou a vender o gado gordo e os frigoríficos estão voltando a ter escalas mais confortáveis, então fica nesse balanço de oferta e demanda”, comenta Folador. Agora, é esperar para ver o mercado mais para frente, para que essa reação dos preços tenha sustentação e uma reação maior dos preços, puxados por fatores macroeconômicos que também podem contribuir. Na avaliação de Leonardo Folador, o Brasil é um país forte na exportação, principalmente para a China e isso também pode refletir nos preços.

Como de praxe, os festejos de fim de ano têm uma relevância no desempenho do mercado doméstico, mas somente isso não terá robustez para dar sustentação aos preços da arroba do boi. “Podemos ver uma sensível reação nos preços em 2024 e com mais força, em patamares superiores a R$ 300, em 2025, voltando àquele rally de alta, como ocorreu em 2021 e início de 2022”. Hoje, o mercado físico do boi gordo está acomodado. As exportações permanecem em alto nível, como volumes expressivos.

Outro ponto abordado por Folador envolve o preço das proteínas “concorrentes”, como as do frango e do suíno. “Se o preço dessas carnes baixar, a de boi também segue essa tendência e o contrário também é verdadeiro”. Ele lembra a época em que o preço dos insumos para ração como soja e milho estava em patamar superior, influenciando também o valor da arroba do boi.

Por fim, Folador enfatiza a necessidade de o pecuarista ficar atento à reposição. Conforme ele, ainda está em um patamar bom para repor um boi gordo por bezerro, já com os olhos voltados para o futuro e com o pensamento em fazer uma reposição barata, o mesmo em relação à economia nos custos de produção com a ração. “Com a alta desses preços no mercado futuro, será possível a aproveitar, ter um estoque de arrobas barato e com isso, ter margens mais lucrativas”, resume Folador.

Médio de Ganho de Peso Diário do boi é baixo, diz pesquisador

Em recente visita a Cascavel, como convidado a ministrar uma palestra na Sociedade Rural do Oeste do Paraná, o pesquisador da Embrapa, o engenheiro agrônomo e médico veterinário, Luiz Orcírio Fialho de Oliveira, chefe de transferência em tecnologia da Embrapa Gado de Corte, com doutorado em Nutrição Animal, falou sobre o GPD (Ganho de Peso Diário). A média nacional é de 350 gramas/dia por animal. “É baixa e pode ser melhorada”. Em um ambiente de pastagens tropicais, é uma média razoável. “Porém, quando comparamos com pastagens de clima temperado, é muito baixa. Mesmo no nível tropical podemos aumentar”.

O atual GPD é resultado da degradação de pastagens ao longo dos anos e de um baixo valor nutricional presente. “O aumento de peso é importante para que possamos produzir o pasto de forma mais sustentável e econômica, valorizando e dando condições de qualidade para essa carne”. Ele acredita ser possível elevar no mínimo mais 200 gramas, chegando a um GPD de 500 gramas de média no Brasil. Sobre o valor da arroba do boi, o pesquisador da Embrapa, Luiz Orcírio, acredita na estabilização dos preços e em uma provável reação a partir, mas ainda não consegue mensurar quando isso poderá ocorrer mais precisamente, pois vários fatores precisam ser levados em conta.