Esportes

Regata em terra firme agita público em dia sem remo

0708 - remo.jpgNavegar é preciso; água, não. O cancelamento das
baterias deste domingo do remo, devido ao excesso de vento, pode ter deixado a água
da Lagoa Rodrigo de Freitas sem nenhum atleta, mas não significou
necessariamente a ausência de regatas. Enquanto parte do público, frustrada pela
ausência de competições, procurava uma sombra para passar o tempo ou
simplesmente tomava o caminho de casa, alguns torcedores optaram por
experimentar a sensação de ser atleta em máquinas de simulação de remo,
colocadas no acesso da torcida ao Estádio da Lagoa.

O engenheiro carioca Fernando Pierre, de 56 anos, aproveitou o equipamento,
instalado especialmente para atender à torcida durante as competições olímpicas,
e teve sua primeira experiência prática com o esporte. O resultado não poderia
ser melhor: venceu, com folga, a ?regata terrestre? disputada com outros quatro
oponentes.

? É um esporte muito difícil, exige bastante do corpo inteiro. Quase caí ali
no final, mas consegui levar no braço e venci os outros competidores ? comemorou
Fernando, que teve o momento de glória fotografado por Andreia Zaeyen, de 51
anos:

? Meu avô, Josephus Zaeyen, foi campeão de remo pelo Botafogo. Hoje ele está
com 86 anos e acabou de passar por uma cirurgia, não sei se arriscaria sentar na
máquina. Mas é muito divertido ? constatou Andreia.

Máquinas como a testada por Fernando podem ser compradas
na internet, com preços que flutuam entre R$ 400 e R$ 4 mil reais. A novidade
dos simulares da Lagoa é que estavam ligados a uma televisão, através da qual os
competidores podiam acompanhar seu progresso em relação aos demais, como se
estivessem em uma regata de verdade.

VENTO CAUSOU “NAUFRÁGIO”

A competição terrestre, é verdade, poupava os atletas de ocasião da principal
dificuldade enfrentada pelos remadores olímpicos na Lagoa até o momento: a
ondulação na água, provocada pelo vento. No sábado, primeiro dia de competições,
as marolas cresceram a partir das 9h, quando ainda aconteciam as primeiras
baterias, e acabaram virando o barco da dupla Milos Vasic e Nenad Badek, da
Sérvia, que precisou ser resgatada no meio da Lagoa por uma lancha da
organização.

Ontem, por sua vez, o vento interferiu no posicionamento do sistema Albano,
que consiste na demarcação dos traçados de competição, como se fosse as raias de
uma piscina. A ondulação, causada por rajadas que passavam de 40 km/h, fez com
que os cabos invadissem o espaço de competição, além de ter capotado barcos de
atletas que se arriscaram a treinar no início da manhã, segundo informações do
diretor-executivo da Federação Internacional de Remo (Fisa) Matt Smith.

? Não sabia que teve remador capotando na Lagoa. Com esse vento realmente
deve ser muito difícil de remar. Por outro lado, já pensou ficar ali na água com
esse vento fresco, ainda por cima aproveitando esse visual? Deve valer a pena ?
ponderou Fernando, o ?campeão? da regata terrestre.

Além dos simuladores de remo em terra, há também um tanque de água aberto ao
público. Este não permite a realização de ?regatas?, mas conta com instrutores
da Confederação Brasileira de Remo (CBR), que fornecem dicas do esporte aos
interessados, como a melhor técnica para segurar no remo e se movimentar no
barco. Os gêmeos Igor e Yuri, de 9 anos, filhos do psicólogo Vitor Abramovitz,
31, aproveitaram o equipamento no sábado, primeiro dia de competições.

? É algo muito interessante. O remo é um esporte que as crianças gostam
quando praticam, além de movimentar bastante o corpo ? avaliou Vitor.

Caso as condições climáticas melhorem, o calendário do remo será retomado
hoje, às 8h30m, com as repescagens do Skiff Quádruplo e as primeiras baterias do
Oito Com, masculinas e femininas. Se a água não puder receber os atletas
olímpicos, porém, não há problema: regatas, ainda que em terra firme, não
faltarão na Lagoa.