A terra vai tremer em Curitiba, a capital da Lava-Jato, centro das investigações que abalaram a república. Neste sábado a cidade será palco de lutas que entrarão para a história do MMA no Brasil. Pela primeira vez num estádio de futebol – a Arena da Baixada, casa do Atlético-PR -, o UFC 198 deve quebrar o recorde de público da organização no país. São esperados cerca de 50 mil fãs. Em jogo, na luta principal, o cinturão dos pesos-pesados, em poder de um brasileiro tão bom dentro do octógono quanto fora dele: o midiático e carismático Fabrício Werdum.
Werdum é o homem da Happy Face, cuja “cara feliz” (e irreverente) foi reproduzida em máscaras para ser usada por uma multidão de torcedores na noite deste sábado. Há tanto tempo em busca de um ídolo nacional, depois do ocaso de Anderson Silva, o Ultimate tem enfim seu candidato ao posto, reunindo competência e capacidade de comunicar com os consumidores.
Quando assumiu a chefia do UFC no Brasil, Giovanni Decker, com experiência de anos de gerência esportiva, percebeu que a marca andava desgastada. Eram eventos demais, com impacto de menos. Em entrevista ao GLOBO, em 2015, avisou que mudaria a estratégia em 2016: haveria um número menor de edições no país, mas com cards melhores para atender desejos dos fãs.
O primeiro evento do ano é realização de promessa: além do campeão Werdum e de seu desafiante, o americano-croata Stipe Miocic, o elenco estelar em Curitiba tem Ronaldo Jacaré contra Vitor Belfort e mais a estreia no Ultimate de Cris Cyborg, considerada por muitos especialistas a mulher mais poderosa das artes marciais mistas no planeta. De olho no futuro, o UFC colocou no card também a promessa Warlley Alves, invicto em dez lutas na carreira. Nomes como o do paranaense Mauricio Shogun e de Rogério Minotouro homenageiam outras gerações de torcedores, aqueles que acompanham o esporte desde o extinto Pride.
A pesagem, nesta sexta-feira, já deu uma demonstração do que se pode esperar do UFC 198. Foram 20 mil pessoas na plateia, público maior do que muito jogo de futebol. O vilão desta edição já está escolhido antes mesmo de as luzes acenderem e a batalha começar. É Matt Brown, americano que vai enfrentar o brasileiro fero do jiu-jítsu Demian Maia, pelo peso-meio-médio. Brown não gostou dos gritos de “Uh, vai morrer” e subiu na balança de costas para a torcida. Fez mais: ergueu os dedos médios da mãos, provocador. Recebeu, de troco, vaias e cantos mais intensos com a ameaça dos torcedores.
Outro grande momento foi a encarada entre Belfort e Jacaré. O único duelo de brasileiros no card principal, pelo peso-médio, é dos mais esperados do evento. Jacaré recebeu aplausos entusiasmados e teve seu nome gritado pelos fãs, enquanto Vitor ouviu vaias entre, também, aplausos.
A abertura dos portões da Arena da Baixada para o público será às 16h30m. O card preliminar começa às 19h30m, e o principal, às 23h. O canal Combate transmite todo o evento, em pay per view. A TV Globo mostra, ao vivo, o card principal.
CARD PRINCIPAL
Peso-pesado: Fabricio Werdum x Stipe Miocic
Peso-médio: Ronaldo Jacaré x Vitor Belfort
Peso-casado (até 63,5kg): Cris Cyborg x Leslie Smith
Peso-meio-pesado: Mauricio Shogun x Corey Anderson
Peso-meio-médio: Warlley Alves x Bryan Barberena
CARD PRELIMINAR
Peso-meio-médio: Demian Maia x Matt Brown
Peso-médio: Thiago Marreta x Nate Marquardt
Peso-galo: John Lineker x Rob Font
Peso-meio-pesado: Rogério Minotouro x Patrick Cummins
Peso-leve: Francisco Massaranduba x Yancy Medeiros
Peso-meio-médio: Serginho Moraes x Luan Chagas
Peso-pena: Renato Moicano x Zubaira Tukhugov.