EDUCAÇÃO

Greve federal: Alunos do IFPR de Cascavel estão sem aula há 40 dias

Balanços das entidades mostram que a paralisação alcança mais de 560 unidades de ensino de 26 unidades federativas

Greve nacional por reajuste salarial
Balanços das entidades mostram que a paralisação alcança mais de 560 unidades de ensino de 26 unidades federativas. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Professores e servidores de cerca de 60 universidades federais e de mais de 39 institutos federais de ensino básico, profissional e tecnológico, estão em greve desde o dia 15 de abril. Balanços das entidades mostram que a paralisação alcança mais de 560 unidades de ensino de 26 unidades federativas. Eles pedem, entre outras medidas da contraproposta, a recomposição dos salários em 4,5% ainda este ano.

Cascavel conta com o campus do IFPR (Instituto Federal Paraná) que oferece cursos técnicos, superiores, de pós-graduação além de ensino à distância. A instituição, que fica na região norte da cidade, atende cerca de 600 alunos que estão totalmente sem aulas desde o dia 02 de maio, quando o reitor suspendeu o calendário acadêmico. O diretor-geral do campus de Cascavel, Marcio Luiz Modolo, está otimista que os anúncios feitos pelo governo federal e as negociações marcadas para esta semana resultem no término da greve. “A partir das reuniões, os sindicatos vão chamar a base e ver o que será feito”, comenta o diretor. Sobre a reposição dos dias sem aulas, ele ainda não sabe como será feita e que é “um dos itens do acordo da greve”.

Toledo

Na vizinha cidade de Toledo são dois campi federais, sendo um da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e outro da UFPR (Universidade Federal do Paraná) – que atualmente oferece 60 vagas exclusivamente no curso de medicina.

Nas duas unidades houve adesão parcial à greve. Na UTFPR, o campus segue funcionando, com uma adesão à greve de cerca de 20% dos docentes e 50% dos técnicos administrativos. “Há sim prejuízo em aulas e em serviços administrativos, entretanto, os que não aderiram estão trabalhando na sua demanda”, analisa Elder Schemberger, diretor-geral do campus de Toledo. Sobre os dias parados, o diretor reconhece que “Há serviços que param e têm prejuízos para o meio acadêmico e para a comunidade externa, mas isso é decorrente de qualquer movimento grevista”.

Como a greve é unificada entre os professores e funcionários técnico administrativos, é necessário que as duas categorias aceitem as propostas para que o fim da greve aconteça. “O anúncio feito pelo governo federal não é um balizador para o encerramento da greve. Ele é sim o atendimento de algumas demandas da greve, como por exemplo, a recomposição do orçamento das universidades, destinação de recursos para obras de construção, de manutenção e de adequação que estão paradas há cerca de cinco anos, porém existem outras pautas”, analisou Elder.

Já no campus da UFPR, a diretora Ana Paula Carneiro Brandalize afirmou que a universidade está em greve, tanto de servidores técnicos administrativos quanto de docentes, no entanto a adesão à greve é de caráter individual. Neste momento as atividades relacionadas aos docentes (ensino, pesquisa e extensão) estão ocorrendo normalmente. “Uma porcentagem dos técnicos administrativos aderiu à greve”, mas a diretora não precisou quanto.

Lula “preocupado”

Em reunião com reitores, o presidente Lula (PT) expressou sua preocupação com a prolongada greve dos professores e servidores das instituições federais de ensino. Durante o encontro na última segunda-feira (10), no Palácio do Planalto, em Brasília, Lula fez um apelo pelo encerramento da mobilização, destacando a importância de propostas e negociações para resolver a situação. Os grevistas reivindicam reajuste salarial em 2024, reestruturação da carreira e revogação de normas antigas. Lula ressaltou a necessidade de os sindicatos terem coragem para propor soluções e tomar decisões que não sejam extremas, afirmando que a greve deve ter um prazo definido para começar e terminar. Além disso, o presidente pediu para que os participantes da greve considerem os anúncios da ministra da Gestão, Esther Dweck, em relação aos salários, bem como os investimentos em infraestrutura. Lula também sugeriu que os reitores busquem parcerias com prefeitos para encontrar locais adequados para novos institutos federais, devido à demora na implementação de anúncios anteriores.

Durante o evento, o governo federal anunciou investimentos de R$ 5,5 bilhões na infraestrutura das instituições de ensino e a construção de 10 novos campi universitários. O presidente também cobrou o ministro da Educação, Camilo Santana, para garantir que os institutos anunciados entrem em funcionamento conforme o planejado.

Proposta

Em 15 de maio, a pasta apresentou o que chamou de proposta final. O governo oferece aumentos de 13,3% a 31% até 2026, com os reajustes começando em 2025. As categorias que recebem menos terão os maiores aumentos. Quem ganha mais terá menor reajuste.

Com o reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal em 2023, o aumento total, informou o MGI, ficará entre 23% e 43% no acumulado de quatro anos. A pasta ressaltou que o governo melhorou a oferta em todos os cenários e que os professores terão aumento acima da inflação estimada em 15% entre 2023 e 2026.

A proposta anterior previa reajuste zero em 2024, 9% em 2025 e 3,5% em 2026. Somado ao reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal no ano passado, o aumento total chegaria a 21,5% no acumulado de quatro anos.