A tecnologia da impressão 3D tem se tornado cada vez mais popular sendo aplicada e aderida com impactos positivos, revolucionando diversas áreas, incluindo a educação. Por isso, alunos do curso de Ciência da Computação da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste do Paraná), câmpus de Foz do Iguaçu, uniram-se para a construção de impressoras 3D e estão estudando aplicações na educação.
Em uma importante parceria com um empresário da cidade, estão ampliando o projeto que trará benefícios não só para comunidade interna, mas também externa.
O professor Claudio Roberto Marquetto Mauricio, de Ciência da Computação, um dos coordenadores da iniciativa, conta que o projeto começou a partir do interesse pessoal do aluno Leonardo Jesus Queiroz, que adquiriu algumas peças e aproveitou outras de lixo eletrônico (impressoras obsoletas) para construção da impressora 3D.
Leonardo apresentou a sua ideia ao professor que prontamente acolheu a proposta no Laboratório de Computação Gráfica e Processamento de Imagem da Universidade. A partir daí o projeto foi crescendo, com participação de outros alunos voluntários e orientação acadêmica.
Com a conclusão da primeira impressora, formou-se uma parceria com o Celtab no PTI (Parque Tecnológico de Itaipu). Com o apoio dos profissionais do Celtab ocorreu uma melhora na estrutura da impressora com aplicação de alumínio estrutural. Quase todos os componentes estruturais eram aproveitados de impressoras sucateadas, lixo eletrônico. Porém, isso gerava uma estrutura relativamente frágil. Com a parceria, a nova estrutura se tornou mais robusta.
Leonardo vê o projeto como uma ferramenta para professor e aluno expandirem “suas possibilidades de ensino e aprendizado”. “No laboratório do Celtab está sempre em uso para impressão de protótipos ou para uso final. Fazer algumas peças pelo método e fabricação convencional seria demorado e geraria custos e, com auxílio da impressora, pode ser resolvido em algumas horas. Diferente do que se pensa, não é uma tecnologia tão cara, demanda sim um pouco de conhecimento e cuidado e pode facilmente ser utilizado por um professor com pouco tempo de uso”.
Apoio importante
O projeto seguiu até que o empresário José Elias Castro Gomes apoiou a iniciativa e bancou a construção de três impressoras. Ele explica que sempre foi da área da educação, e isso o motivou a participar. “Fui mantenedor do Colégio Semeador e temos vários alunos nossos na Unioeste. Sempre fui idealista da universidade pública e gratuita e sei que depende também da ajuda da sociedade então quis contribuir nesse projeto”, explica o empresário.
Mão na massa
O professor Claudio afirma que existe muito potencial tanto do ponto de vista dos alunos, quanto dos docentes, e que esse é um projeto que usa muito da filosofia “mão na massa”. “Esse é o nosso desafio. Como formação, como universidade, como casa do conhecimento, estar atento a quais serão os próximos passos e colocar os alunos em contato com as tecnologias mais recentes que existem”.
Para onde vão
Uma das impressoras 3D será utilizada em um colégio estadual de Foz para dar sequência às atividades de extensão que uma equipe de docentes do grupo de pesquisa Detae da Unioeste realiza no local (ensino de programação para crianças – http://tiny.cc/EnsinoProgramacaoUnioeste).
No ano passado, o projeto de extensão citado envolveu aproximadamente 80 pessoas (alunos do colégio, docentes da Unioeste, funcionários do colégio e discentes da Unioeste) com aproveitamento e reflexo em outras disciplinas. A finalidade é fortalecer esse núcleo para dominar tecnologias que podem trazer benefícios para o processo de formação, tanto dos docentes e discentes da Unioeste, quanto das crianças do colégio.
Vantagens
A maior parte dos alunos envolvidos no projeto é voluntária.
A professora Fabiana Frata Furlan Peres afirma que são inúmeros os benefícios que as impressoras trazem para a comunidade: “Para os alunos do curso de Ciência da Computação, o principal benefício tem sido proporcionar ambiente adequado para que eles possam entender na prática como funciona uma impressora 3D e assim consolidar o aprendizado. É uma oportunidade de empregar metodologias ativas no ensino superior”.
Ela explica também que, para os demais cursos de nível superior e para a educação básica, a impressora pode ser um instrumento de apoio para criação de materiais que auxiliem no ensino de conteúdos variados, proporcionando aprendizagem criativa.
Fabiana afirma que a parceria foi fundamental em muitos aspectos: “Trouxe para uma escola do ensino fundamental uma realidade que até então era sonho. Os alunos poderão explorar o potencial da impressora para aprender sobre qualquer assunto e os professores poderão utiliza-la para produzir materiais didáticos para suas aulas”.
Eliane Nascimento Pereira, coordenadora do curso de Ciência da Computação, ressalta a importância de projetos dessa natureza na formação dos alunos do curso. “Projetos assim tratam de questões interdisciplinares que podem auxiliar os alunos na atuação profissional futura. Além de apresentar para a comunidade o curso de Computação, podendo promover a divulgação e desmistificar o curso para os jovens”, finaliza.