Brasil - Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, anunciou que o plano “anti-tarifaço” passa por uma “calibragem” e será lançado nos próximos dias. Depois da preparação pela Fazenda, será encaminhado à Casa Civil.
O processo se dá após o presidente dos EUA, Donald Trump, assinar, na quarta-feira (30), o decreto que confirma as taxas de 50%. Agora, há a isenção a alguns produtos nacionais.
A declaração de Haddad foi dada a jornalistas nesta quinta-feira (31), em frente ao Ministério da Fazenda.
Com o anúncio dos produtos isentos, o ministro afirmou que “o ponto de partida é melhor do que se esperava, mas ainda está longe da chegada”. Apesar disso, Haddad demonstrou estar confiante ao considerar os mais de 200 anos de relações entre os dois países.
Debate
A Secretaria de Tesouro dos EUA procurou o Ministério da Fazenda para marcar uma agenda para debater o tarifaço imposto pelo governo de Donald Trump contra parte das exportações brasileiras. Ainda não há data para reunião. O último encontro entre a Fazenda e o secretário de Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi em maio, antes do anúncio da tarifa de 50%.
“A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco ontem [quarta-feira, 30] e, finalmente, vai agendar uma segunda conversa. A primeira, como eu havia adiantado, foi em maio, na Califórnia. Haverá agora uma rodada de negociações e vamos levar às autoridades americanas nosso ponto de vista”, disse Haddad.
Plano de contingência
Apesar das exceções, Haddad disse que o impacto é dramático para alguns setores, e que nos próximos dias o governo vai divulgar medidas para auxiliar essas empresas prejudicadas pelas tarifas.
“Há casos que são dramáticos, que deveriam ser considerados imediatamente. Nós vamos lançar parte do nosso plano previsto para ser lançado nos próximos dias de apoio e proteção à indústria e aos empregos”, disse.
O pacote de ajuda aos setores afetados deve contar com linhas de crédito e apoio às empresas. Haddad disse que está aliviado pelos setores que foram poupados, mas que é preciso proteger aqueles que ainda são afetados, em especial, os setores menores e mais frágeis.
“Tem setores que, na pauta de exportação, não são significativos, mas o efeito sobre eles é muito grande. Às vezes, o setor é pequeno, mas é importante para o Brasil manter os empregos”, explicou.
Mesmo setores grandes, de importantes matérias-primas [commodities], que têm mercado global, vão precisar se adaptar, avaliou o ministro.
Entenda
Trump anunciou o tarifaço como parte de sua nova agenda protecionista e para retaliar o Brasil pelo que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pacote, chamado informalmente de tarifaço, afeta setores como aço, carne bovina, máquinas agrícolas e alumínio, o que preocupa o ministro Haddad.
O decreto original previa a entrada em vigor hoje (1º), mas foi adiado após pressão de setores empresariais norte-americanos e da diplomacia brasileira.
Em meio à repercussão, o governo dos EUA publicou uma lista de exceções que isentou produtos como aviões, suco de laranja, carne de frango in natura, celulose e determinados insumos agrícolas.