Economia

Oeste “nada de braçada” quando o assunto é produção de tilápias

Foto : Jonathan Campos / AEN
Foto : Jonathan Campos / AEN

Cafelândia – Fazendo uma analogia ao Oeste do Paraná, terra fértil e celeiro do mundo: nem só de grãos vive o homem. A proteína animal vem ocupando cada vez mais espaço na balança comercial do Brasil e muitos desses números são atribuídos à cadeia de produção existente no Paraná. Depois do frango, do suíno, do boi, agora, a iguaria do momento é a tilápia. Nesse sentido, o Paraná e o Oeste “nadam de braçada”.

No ano passado, a tilápia paranaense ajudou a suprir a necessidade alimentar em 34 países. Diante desse cenário, as perspectivas para esse segmento são as mais otimistas. Os gargalos tarifários e os custos de frete norte-americanos abrem espaço para inserção da tilápia tupiniquim e de outros países como Tailândia, Vietnã e Colômbia. Atualmente, a demanda chinesa é atendida pelo mercado americano, mas isso pode mudar, em virtude desses entraves burocráticos. Surtos inflacionários como os registrados na Europa, têm mudado os hábitos de consumidores em alguns países, levando-os a trocar os peixes mais caros pela tilápia.

Liderança

A tilápia paranaense é protagonista nacional. Dos 399 municípios do Estado, a tilápia está presente nos açudes de 363 municípios. Nova Aurora é líder dentro deste contexto, ao representar 13,82% da produção. Em 2021, o setor de piscicultura paranaense chegou a 144,9 mil toneladas, representando 25,9% da produção brasileira de 559 mil toneladas. Em seguida, aparecem os estados de São Paulo, Rondônia e Santa Catarina.

Para traçar um comparativo, em 2013, a produção estadual de tilápias era de 51,1 mil toneladas. Dez anos depois, beira as 150 mil toneladas. O crescimento está perto de 200% no Estado, diante de um crescimento de 42,4% da produção geral do Brasil no mesmo período, passando de 392,5 mi toneladas para 559 mil toneladas.

A ascensão da cadeia produtiva de peixe no Paraná tem ligação estreita com a tilápia. A espécie detém o mesmo patamar de dois anos atrás, quando representava 96% da oferta estadual. O montante representava 38,5% da carne da espécie do peixe no País. Apenas em relação a tilápia, a evolução chegou a 211%.

De 2021 para 2022 a evolução na Região Sul foi de 2,4%. No mundo, foram produzidas 6,5 milhões de toneladas do pescado no ano passado. O Estado lidera as exportações de filés de peixe, com a venda de US$ 5 milhões no mercado internacional em 2022, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. O mercado norte-americano se destaca entre os compradores internacionais dos filés de peixes produzidos no Estado, com a aquisição de um total de US$ 4,2 milhões em 2022. Depois estão os mercados da Líbia e do Canadá.

Copacol é destaque nacional na produção de peixes

Grande parte desse resultado e supremacia na produção de carnes de tilápia é atribuída às plantas frigoríficas, com destaque para a Copacol, sediada em Cafelândia. Foram significativos volumes de recursos direcionados ao setor para a implantação de suas unidades produtoras, interligando centenas de produtores de peixes do oeste paranaense.

A unidade industrial de peixes iniciou as suas atividades em 27 de junho de 2008. Antes disso, já havia o desenvolvimento da área de produção para iniciar o abate. Somando as duas unidades produtores, em Nova Aurora e Toledo, são gerados pouco mais de 1.600 postos de trabalho.

Diariamente, a Copacol abate 185 mil tilápias em suas duas plantas frigoríficas localizadas em Nova Aurora e Toledo. Há previsão de expansão de 30% até o próximo ano. Por ano, são 42 mil toneladas, volume no qual gera uma movimentação financeira de meio bilhão de reais por ano. No total, são 287 piscicultores integrados à Copacol. Sobre a rentabilidade, considerando os investimentos e despesas, o payback é de no máximo 10 anos.

Parceria

De acordo com a supervisora da integração de peixes da Copacol, Juliana Losch, o sistema predominante é o de parceria com os produtores. “A Copacol fornece todos os insumos necessários para a produção e presta assistência técnica aos piscicultores”, comenta. “Além disso, é responsável pela logística de alojamento e retirada do peixe para o abate, realizando os procedimentos em plantas próprias e garantindo a comercialização”. Em grande parte, os produtores são pequenos e médios, dedicados à agricultura familiar e atrás da diversificação em suas propriedades e na geração de renda. A grande maioria tem atividade de agricultura, mas também há produtores que além da agricultura tem outras atividades de produção animal, suínos e frango, em parceria com a cooperativa.

Em contrapartida, o produtor arca com a infraestrutura na propriedade, mão de obra, diesel e energia elétrica, esta última, de maior custo embutido na produção. Por isso, grande parte dos produtores tem optado pela energia solar, por meio da utilização das placas fotovoltaicas.

Dentro do aspecto de faturamento, o produtor ganha 25% do preço da venda. No País, os principais compradores da carne de peixe da Copacol são Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Os interessados em fazer parte desta cadeia de produção de peixes, devem levar em conta alguns aspectos como a disponibilidade de água, topografia de terreno adequada, conformidade com a legislação ambiental e possibilidade de construção de pelo menos quatro hectares de lâmina d´água.

Foto: AEN