Cotidiano

Zeladoras cruzam os braços

Sem receber os salários do mês de julho, as cerca de 170 zeladoras que prestam serviço nas escolas municipais e nos Cmeis (Centros Municipais de Educação Infantil) de Cascavel decidiram cruzar os braços e não retornar ao trabalho enquanto a situação não for resolvida. Na tarde de ontem elas protestaram em frente à prefeitura e anunciaram que estão em greve.

As mulheres são contratadas pela empresa RR Serviços, vencedora da licitação e que desde 2016 é prestadora de serviços ao Município de Cascavel. Acontece que a empresa alegou estar em dificuldades financeiras e deixou de cumprir algumas obrigações, entre elas o pagamento dos salários às funcionárias que deveria ter ocorrido no quinto dia útil do mês.

Ângela Maria de Oliveira Mereles, presidente do Siemaco (Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana), diz que a situação se tornou insustentável e muitas mulheres estão em dificuldades. “Acho que a prefeitura deveria fiscalizar melhor esses contratos, desde o começo, porque é uma coisa que não deveria acontecer. A prefeitura deveria ter uma forma de controlar os valores porque esses R$ 530 mil que a empresa pegou está no bolso de alguém e de quem será?”, indaga.

Apoio popular

Em protesto, as zeladoras se reuniram em frente à prefeitura ontem e prometem voltar nesta sexta-feira, às 8h. Ângela Mereles, inclusive, pede às mães que têm crianças nos Cmeis para que ajudem na manifestação. “A população que tem seus filhos nos Cmeis venha nos auxiliar”, conclama.

No início da tarde de ontem houve uma reunião no auditório da prefeitura entre as trabalhadoras, a secretária Márcia Baldini (Educação) e o procurador jurídico Luciano Braga Côrtes para explicar a situação, mas, como o clima estava tenso, foi formada uma comissão para discutir a questão em uma sala separada.

Vias legais

O procurador jurídico do Município de Cascavel, Luciano Braga Côrtes, lembrou que a prefeitura fez o depósito dos valores, mas que a empresa não os repassou às funcionárias. Ontem, o advogado do sindicato entrou com uma ação na Justiça do Trabalho com o objetivo de conseguir uma liminar que autorize o Município a fazer o depósito direto na conta das trabalhadoras. Até o fechamento desta edição não havia um posicionamento da Justiça.

A RR Serviços deveria ter repassado uma série de documentos à prefeitura no dia 17 de agosto, conforme acordo firmado com o MPT (Ministério Público do Trabalho) na semana passada para que o valor fosse depositado na conta das trabalhadoras sem passar pela empresa. Acontece que a empresa entregou só parte da documentação, o que impediu o pagamento. “Nós não podemos ficar administrando um contrato que não é nosso”, argumenta Braga Côrtes.