Um homicídio brutal no começo da manhã desta sexta-feira (20) reacendeu um problema que havia sido amenizado com a reforma do Centro Cultural da cidade, no complexo da antiga rodoviária de Cascavel. Um homem morreu após ser vítima de agressão por um grupo de pessoas no pátio de um posto de combustíveis que fica na Avenida Carlos Gomes no cruzamento da Travessa Jarlindo João Grando.
Segundo o que testemunhas repassaram à Polícia Militar que fez os primeiros atendimentos, o homem começou a ser agredido logo após um desentendimento, quando foi atingido com chutes, socos, pedradas e até um vaso de plantas, que ficou quebrado ao lado do corpo. Imagens de câmeras de segurança do posto mostraram toda a agressão que durou alguns minutos até que a vítima viesse a óbito.
O médico e socorristas do Siate chegaram a ser acionados, mas quando chegaram apenas constataram a morte do homem que é morador de rua e que foi agredido por outros moradores. Já nas primeiras horas da manhã, a equipe da Delegacia de Homicídios de Cascavel, após diligências investigativas, localizou e realizou a prisão de três suspeitos, sendo um homem e duas mulheres.
Durante a abordagem, os conduzidos alegaram que a vítima supostamente teria tentado abusar de uma das mulheres envolvidas no crime, o que teria motivado a agressão. Os indivíduos foram conduzidos à Central de Flagrantes para os procedimentos legais e lavrado o auto de prisão em flagrante delito pelo crime de homicídio qualificado, e os detidos permanecem à disposição da Justiça.
Insegurança
O fato tão brutal acabou mexendo com os moradores próximos que há anos pedem ações mais efetivas quanto à segurança do local. Uma moradora que não quis se identificar, mas que conversou com a reportagem do O Paraná, relatou que a maioria das noites ela houve pessoas gritando e quando isso acontece, ela também dá alguns gritos na janela para eles pararem, já que atrapalha o descanso dos moradores. “É o dia inteiro essa confusão, mas de noite é pior e agora no inverno então, eles ficam tudo ali reunidos”, descreveu.
Um morador disse que eles não podem nem andar na rua para ir à farmácia por medo dos moradores de rua e que isso é uma situação diária. “Os moradores, eu tenho certeza que todos aqui ao redor pedem ajuda, porque são muitas situações. A gente pede ajuda para ter mais policiamento, porque tá difícil mesmo. Eles confundem a gente com eles, é perigoso pra gente também, roubam o celular, tá bem difícil”, falou.
Outro morador reclamou que além da sensação de insegurança, medo de sair na rua de noite e até de dia, existem vários outras situações constrangedoras. Os moradores de rua defecam na porta das lojas e dos prédios e muitas vezes usam os bancos que foram colocados após da reforma na Travessa Jarlindo e na mão inglesa, para fazer sexo, sem nenhum pudor por estarem em vias públicas. Segundo ele, várias vezes eles acionaram a Guarda Municipal que fez a abordagem.
Local revitalizado
O “Centro Cultural” como é conhecido há anos, já que é a região central com o comércio mais antigo da cidade, foi todo remodelada após as obras da revitalização da nova Avenida Carlos Gomes, que levaram 20 meses para ficarem prontas. O local que era praticamente abandonado recebeu uma nova pavimentação, calçadas, iluminação, deixando o espaço com um ar mais moderno e renovado.
A principal via é a Avenida Carlos Gomes que corta a Travessa Jarlindo João Grando e a famosa mão inglesa. As duas vias foram revitalizadas e receberam um grande diferencial: o paver em formato de pinhão, que foi planejado especialmente para estas duas vias é tricolor e deu um ar de modernidade às vias, mas uma diferença entre as duas chama a atenção, já que na Jarlindo é proibido estacionar em ambos os lados da vida, toda em paver, mas na mão inglesa está liberado.
Outra mudança aconteceu também na Travessa Otacílio Mion, que passa em frente à Rodoviária Velha. Durante as obras de revitalização a quantidade de moradores de rua diminuiu no local, mas depois de entregues, eles voltaram a se reunir nas vias retomando um problema antigo enfrentado pelos moradores da região. A reportagem do O Paraná acompanha a situação há anos, desde antes de iniciarem as obras.
A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Cascavel, mas devido ao recesso do feriado, não se posicionou.
Comércio inteligente
Um projeto que continua em andamento na região do Centro Cívico é o “Programa Comércio Inteligente”, focado em renovar o varejo de rua na cidade, está sendo desenvolvido pelo Sebrae em parceria com a Prefeitura Municipal de Cascavel e a Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel). O objetivo principal é transformar o comércio do espaço da antiga rodoviária “em um ecossistema colaborativo e competitivo”.
Para isso, diversas capacitações já foram realizadas visando preparar os empresários para enfrentar os grandes players do mercado.
Foi feito um mapeamento da região que está sendo revitalizada e, somente lá, existem mais de 150 empresas e deste total, cerca de 40 estão envolvidas no programa e 19 delas estão participando em uma previsão de cerca de dois anos de ações. A iniciativa busca trabalhar temas como experiência e personalização, além da inteligência de dados, para criar um senso de comunidade entre os comerciantes de rua. Já a partir do próximo ano, o foco será no eixo de inovação, trazendo conhecimentos sobre tecnologia, dados, oportunidades e soluções que podem fazer a diferença para as empresas. Também quer melhorar a gestão dos empresários da mão inglesa para que seja criado um espaço de inovação, sustentabilidade e tecnologia.