Cascavel – Dados do Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná) mostram que o volume de chuva vem caindo drasticamente nos últimos três anos. Um levantamento realizado pelo órgão, que analisou o acumulado de chuva na região de Cascavel de junho de 2019 a junho deste ano, mostra que esse foi o segundo período mais seco já registrado pelo Simepar. “Nesse período de monitoramento [desde 1998], tivemos entre 1999 e 2000 um acumulado de 1.225,8 milímetros, o mais baixo. E, nesses últimos 12 meses, o volume acumulado foi de 1.246,40mm, o segundo mais seco. A média histórica para o período seria um acumulado de 1.929 milímetros”, explica o meteorologista Reinaldo Kneib, do Simepar.
Reinaldo ressalta que a região completa mais de um ano com chuvas irregulares e abaixo da média. “A estiagem começou em junho do ano passado de forma mais intensa e tivemos chuvas quase dentro da média em novembro, dezembro e janeiro, mas depois reduziu novamente”, frisa.
Kneib observa que o impacto do volume menor registrado hoje pode ser maior no abastecimento do que há 20 anos. “Não podemos relacionar o impacto da mesma forma, pois, nesse período, a população aumentou, o consumo aumentou, o abastecimento foi modificado, precisamos levar em conta que o sistema de abastecimento foi aprimorado… lá atrás havia muito mais poços artesianos, por exemplo. Sem contar o crescimento das cidades, enfim, há uma série de mudanças que fazem esse acumulado menor hoje ter impacto maior do que teve lá no ano 2000”.
Déficit de 64% no ano
O mês de julho segue a tendência e na região teve acumulado de 22 milímetros, 72% abaixo da média histórica para o mês, que é de 80,3%. De acordo com a Sanepar, o volume é ainda menor que o do mesmo mês do ano passado, que foi de 54mm e causou complicações no abastecimento urbano, pois foi necessária a ativação do sistema de rodízio em Cascavel.
No acumulado de janeiro a julho deste ano, o volume de chuva é 64% menor que a média histórica para o período. Dados do Simepar mostram que, na região de Cascavel, o acumulado este ano é de 641,08mm, quando a média esperada é de 992,8mm. Em 2019, o acumulado foi maior, 1.149mm, pois a estiagem começou no fim de maio. Em 2018, o volume também ficou abaixo da média, com 881,2mm e, em 2017, foi de 1.199mm.
Racionamento?
De acordo com a Sanepar, por enquanto não há risco de rodízio no abastecimento em Cascavel, pois a companhia tem conseguido administrar a situação.
Já em Medianeira, que teve rodízio adotado no início do ano, continua em alerta, mas o abastecimento segue normal.
O uso de caminhão-pipa tem sido feito sempre que necessário em Campo Bonito, Santa Tereza do Oeste e no Distrito de Ibiracema, em Catanduvas.
A Sanepar ressalta que os mananciais perderam vazão desde o ano passado e que são necessárias chuvas regulares para que possam recarregá-los.
Agosto será de veranico e pouca chuva
De acordo com o Simepar, a previsão de chuva para o mês de agosto não é das melhores. “Na primeira quinzena do mês a previsão é de tempo seco e quente. Teremos novo veranico e sem previsão de chuva na região. O que não favorece também o abastecimento, pois o calor faz o consumo aumentar e, sem chuva, os mananciais continuam iguais. Há previsão para a chegada de nova frente fria apenas depois do dia 15, mas não deve estar relacionada com grande volume de chuva”, informa o meteorologista Reinaldo Kneib.
A possibilidade do retorno de chuvas regulares deve ocorrer entre a segunda quinzena de setembro e o início de outubro, mas depende da formação ou não do Fenômeno La Niña. “Temos que aguardar para ver se a La Niña se forma e qual será a intensidade dela. Caso se forme, podemos continuar com o clima mais seco, do contrário, podemos esperar um retorno das chuvas de modo mais regular nesse período”, complementa o meteorologisita.