Cotidiano

Setembro Amarelo: psicólogo reforça a importância do cuidado com a saúde mental

"Suicídio tem causa multifatorial, as pesquisas demonstram que há causas ligadas a transtornos mentais como depressão e uso de drogas, mas também há outros fatores, como violência, desemprego e todos os tipos de discriminação”, afirma Cristiano de Souza

Setembro Amarelo: psicólogo reforça a importância do cuidado com a saúde mental

No dia 10 de setembro é relembrado o “Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio” que hoje se configura como um problema de saúde pública devido a gravidade do fenômeno. Em média 800 mil pessoas morrem todos os anos no mundo em decorrência do suicídio.

De acordo com o psicólogo do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas da Secretaria Municipal de Saúde, Cristiano de Souza (CRP 08/09451), a prevenção do suicídio deve levar em consideração todos os aspectos já identificados como fatores de risco, sejam eles paleontológicos ou sociais. “É importante destacar que não podemos tentar dar respostas simplistas à causa de um determinado suicídio, pois há vários fatores agindo ao mesmo tempo. Digo isso porque é normal as pessoas, no senso comum, atribuírem a uma única situação, por exemplo, desilusão amorosa, falta de objetivo na vida, etc.” explica Cristiano.

O psicólogo destaca que a tentativa de suicídio sempre ocorre quando o sofrimento psíquico se torna insuportável, e isso varia de pessoa para pessoa. “A depressão é um importante fator de risco para suicídio, porém não é a única causa. Há muitas pessoas que não têm uma condição assim, e da mesma forma tentam suicídio. Outros fatores podem desencadear a automutilação fatal, como: violência, desemprego e todos os tipos de discriminação. Todos esses aspectos mencionados sempre foram o alvo dos estudos e elaboração de estratégias de enfrentamento por parte de especialistas e de alguns governos”, salienta.

Como identificar os sinais?

De acordo com o psicólogo Cristiano de Souza, a pessoa que está apresentando uma ideação suicida (vislumbrar a morte como uma possibilidade de saída para seu sofrimento que é sentido como insuportável), na maioria dos casos, dá sinais desse sofrimento. Mudanças de comportamento, como isolamento social, comportamento autodestrutivo, choro frequente, acompanhados de falas que denotem desesperança, não ver mais sentido na vida, vontade de morrer, nunca podem ser ignorados. A crença de que “quem fala, não faz” é falsa.

O cuidado com o corpo e a mente

A pandemia tem trazido como efeito colateral a piora das condições de saúde mental, consequentemente há o aumento dos fatores de risco para suicídio. O problema é bastante complexo, e não há resultado através de medidas unicamente individuais. “Precisamos aumentar o acesso as pessoas aos serviços de saúde mental, investir mais em prevenção e promoção de saúde, e ainda urgentemente, prestar apoio aos familiares que estão enlutados por terem perdido alguém devido a Covid-19”, enfatiza Cristiano de Souza.

A porta de entrada para atendimento relacionados aos comportamentos mentais são as UBSs e USFs e, nos finais de semana, as UPAs. Outra forma de ajudar o paciente é o contato gratuito com o Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo telefone 188.

A Secretaria Municipal de Saúde contribui com o pagamento de despesas de um espaço aos voluntários, que prestam o serviço telefônico junto aos pacientes.

“É preciso compreender que a pessoa que está pensando em cometer suicídio, não deseja a morte, na verdade o que ela quer é eliminar o seu sofrimento. O suicídio não é um ato de fraqueza, ou de coragem, e sim um problema que pode ocorrer em qualquer família, independente da sua condição.”, pondera o psicólogo.

Os dados

A Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde apurou que entre 2019 e 2020, foram notificados 746 pacientes por intoxicação exógena que tinha como circunstância da contaminação a tentativa de suicídio. Já os óbitos entre 2019 e 2020 somaram 44 casos, entre enforcamento, disparo de arma de fogo, objetos cortantes, impacto de veículo a motor e ingestão de substância medicamentosa ou drogas.

Intoxicação Exógena: todo aquele indivíduo que, tendo sido exposto a substâncias químicas (agrotóxicos, medicamentos, produtos de
uso doméstico, cosméticos e higiene pessoal, produtos químicos de uso industrial, drogas, plantas e alimentos e bebidas), apresente sinais e sintomas clínicos de intoxicação e/ou alterações laboratoriais provavelmente ou possivelmente compatíveis.

“A pessoa que está demonstrando esse tipo de sofrimento, precisa ser ouvida com respeito, sem julgamentos, ou comparações com outras pessoas. Necessita de alguém que se colocar ao lado dela e seja motivada a procurar ajuda psicológica o mais rápido possível – a preocupação com o tema deve ser o ano todo.”, finaliza Cristiano.

No vídeo o psicólogo do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas da Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel, Cristiano de Souza aborda o assunto: