Cotidiano

Sem-Terra rejeitam acordo e Araupel pode parar novamente

Intenção era abrigar as famílias em uma área de 190 hectares por 180 dias

Quedas do Iguaçu – O advogado do Movimento Sem-Terra, Bernardino Camilo da Silva, recusou nesta semana proposta da Araupel que poderia apaziguar ânimos na região de Quedas do Iguaçu. As partes participaram de reunião da Comissão de Combate à Violência no Campo, em Brasília, sob a mediação do ouvidor agrário nacional e presidente do Conselho Nacional de Combate à Violência no Campo, desembargador Gercino José da Silva Filho.

O advogado da empresa, Leandro Salomão, apresentou proposta para que cerca de 400 famílias do MST deixem a área do Alojamento 14, na Fazenda Pinhal Ralo, em Rio Bonito do Iguaçu, no Sudoeste do Estado.

A intenção era abrigar as famílias em uma área de 190 hectares, com toda a infraestrutura, por prazo de 180 dias – que poderia ser prorrogado. A alegação é de que os funcionários da empresa não conseguem chegar até o local, onde estão máquinas e equipamentos usados no corte da madeira.

Com a recusa do MST, a empresa está sem matéria-prima para tocar a indústria e as atividades podem ser paralisadas já nos próximos dias. O risco é de demissão em massa de funcionários.

Há perigo também de o clima entre empregados, moradores e sem-terra ficar tenso de agora em diante. Cerca de 35 homens da Força Nacional estão no Sudoeste para oferecer segurança à comunidade. Gercino e o superintendente do Incra no Paraná, Nilton Guedes, afirmaram ser favoráveis à proposta, mas colocaram condicionantes ao acordo.

Desconhecido

Gercino defendeu a permanência das famílias do MST em área que assegure a produção das mesmas. Já Guedes pediu que elas permaneçam onde estão, na área da ocupação reivindicada pela empresa.

Por sua vez, o advogado Bernardino recusou com os seguintes argumentos: as famílias já estão estabelecidas no local com infraestrutura básica, inclusive escola, e que se for aberto espaço aos funcionários da Araupel no alojamento ocorrerá conflito. Ele disse que a empresa conta com “pistoleiros” e afirmou que a Araupel não precisa do alojamento para as suas operações e que esse “é um pretexto de algo ainda desconhecido”.