Cotidiano

Segunda ponte Brasil-Paraguai será a "redenção econômica" na fronteira

A visita técnica serviu para ambos conferirem de perto o cronograma de obras, com conclusão prevista para novembro deste ano

Segunda ponte Brasil-Paraguai será a "redenção econômica" na fronteira

Foz do Iguaçu – A Ponte da Integração finalmente fez jus ao nome, quando os presidentes Jair Bolsonaro (Brasil) e Mario Abdo Benítez (Paraguai), se abraçaram na manhã de quinta-feira (31), no meio da ponte e comemoraram o feito. A visita técnica serviu para ambos conferirem de perto o cronograma de obras, com conclusão prevista para novembro deste ano.

O investimento total é de R$ 320 milhões, custeados pela Itaipu Binacional. A ponte faz divisa com Foz do Iguaçu, no lado brasileiro e Presidente Franco, no Paraguai. O ato também contou com a presença do governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, iniciou sua entrevista alegando que não é um ato de inauguração, por conta do período eleitoral, mas posteriormente, após as eleições, haverá uma solenidade oficial de abertura da ponte para o livre comércio entre os dois países, como o que já ocorre a alguns quilômetros dali, na Ponte da Amizade, ligando Foz do Iguaçu a Cidade do Leste. A ponte será a redenção econômica para as três fronteiras e poderá tornar a cidade de Presidente Franco, um novo “eldorado” de compras e de fomento ao turismo.

Bolsonaro aproveitou a oportunidade para falar sobre a possibilidade de aumentar em 40% a produção de pescado no lago de Itaipu. “Antevendo esse boom de crescimento, também já estamos em diálogo com a equipe econômica para zerar o imposto para a ração para peixes”, antecipou o presidente do Brasil. Os trâmites nesse sentido com o parlamento paraguaio estão bastante adiantados.

Escoamento de grãos

A Ponte da Integração, além de servir para o escoamento de grãos com destino à Rota Bioceânica, terá ainda a travessia para pedestres. A segurança em ambos os lados foi garantida pelos presidentes. “Trata-se de uma obra pretendida há mais de 50 anos. Ela tem o maior vão da América do Sul ou da América Latina e ajudará muito o relacionamento com o Paraguai”, salientou Bolsonaro, acrescentando que a zona franca será favorecida. Bolsonaro citou também o modal ferroviário brasileiro, que no máximo em três meses será inaugurado por conta da Ferrovia Norte-Sul, cujas licenças, o governo federal teve atuação determinante para atenuar a burocracia. “O Brasil está de vento em popa e o Paraguai vem de carona neste novo momento”.

Para ele, o mundo está com os olhos voltados para o Brasil e o Paraguai, dois grandes produtores de commodities. “Tudo vai potencializar os nossos mercados. O mundo lá fora vive um momento de instabilidade, com a seca na Europa, com a França vivendo o drama do fogo nas florestas. A segurança alimentar é a bola da vez e é buscada por qualquer chefe de estado no momento, por isso, somos o foco do mundo”, disse o presidente brasileiro. O Mercosul, conforme os líderes, será fundamental para garantir níveis elevados de produção.

Investimento inédito

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, voltou a comparar a sua gestão com a do seu antecessor, Horacio Cartes. “O governo Cartez pavimentou 71 quilômetros de estradas e meu governo chegou a 240 quilômetros. Aí está a diferença”, destacou, em entrevista ao ABC Color. Para a imprensa, o governante do Paraguai disse que é a primeira vez na história que a Itaipu Binacional investe em uma obra de grande envergadura no país vizinho, enfatizando ainda a passarela que vai unir Carmelo Peralta com Porto Murtinho. “Essas obras representam, de fato, uma integração”.

Benítez destacou também o potencial do Mercosul para a produção de alimentos visando atender a demanda paraguaia e do mundo. “O Mercosul tem 250 milhões de habitantes e produz alimentos para 1,5 milhão. Temos potencial para continuar produzindo alimentos respeitando o meio ambiente, por isso, entendo que o Mercosul é fundamental para garantir a segurança alimentar do mundo”.

Acesso competitivo

Tendo em vista que a Ponte da Integração promoverá um impacto positivo na Rota Bioceânica, o presidente Abdo Benítez afirmou que a nova via permitirá um acesso mais competitivo aos mercados do Pacífico, favorecido pelo Mercosul. “São obras extremamente necessárias para o desenvolvimento do nosso país. Existe o Paraguai antes e depois da construção da Ponte da Amizade e o que ela passou a representar o povo paraguaio. Hoje, com a Ponte da Integração, estamos fortalecendo esse processo”.

Enquanto isso, as obras complementares de acesso do lado paraguaio seguem em ritmo lento. “Enviei o pedido de crédito ao Congresso, que levou seis meses para aprovar. Não depende apenas de mim. O processo se iniciou bem e não se pode afirmar que temos problemas de execução. Agora, processos são processos e o trâmite de aprovação é normal, assim funciona a democracia”.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez coro ao pronunciamento do colega Benítez. Disse que a Ponte da Integração fortalecerá ainda mais o laço entre os países. “É um país democrático, cristão, cujo presidente defende a família, assim como eu no Brasil”. No combate à criminalidade, Bolsonaro comentou que Brasil e Paraguai têm trabalhado juntos.

Fotos: Divulgação

+++

A PONTE

A Ponte Internacional da Integração, sobre o Rio Paraná, é financiada pela Itaipu totalizando US$ 84 milhões, cuja execução está a cargo do consórcio brasileiro Cidade-Construbase-Paulitec. A nova ponta conta com 760 metros de comprimento, com um vão central de 470 metros sobre o rio 60 metros de altura. A montagem das aduelas, peças mistas pré-fabricadas que dão forma ao pavimento começou a ser edificada em outubro de 2021.

Ao todo, foram colocadas 36 aduelas metálicas, 18 em cada lado. Os trabalhos de concretagem serão concluídos em setembro e logo deverão ser iniciadas as etapas finais, como pavimentação asfáltica, sistema de iluminação, defensas tipo New Jersey, além de barreiras de proteção.