Cotidiano

Rio precisa explorar mais o potencial do turismo esportivo

Nenhuma outra cidade do país reúne tantas condições para ser a capital dos esportes da América Latina quanto o Rio. Mar, lagoas e montanha próximos de uma maneira única permitem a realização de provas de diversas modalidades. A mão do homem também tem feito a sua parte ? ainda que não com a mesma competência que a natureza ?, uma vez que foi preciso melhorar a infraestrutura para a realização de grandes eventos, como o Pan 2007 e os jogos da Copa de 2014 no Maracanã.

A mesma natureza que dotou a cidade de beleza única garantiu a produção do petróleo no estado, favorecendo a economia durante anos. Mas, diferentemente do apelo dos cartões-postais cariocas, o valor do combustível é variável e caiu 66% de 2008 para cá.

É certo que a renda de eventos esportivos não vai substituir os royalties. Mas já passou da hora de buscar quantas alternativas sejam possíveis para diminuir a dependência do petróleo. E a adoção de uma política que, efetivamente, englobe esporte e turismo surge como uma das mais propícias nesse sentido.

Há um enorme potencial a ser explorado. Para se ter uma ideia, mesmo com os novos hotéis, pousadas e hostels, em 2015 o total de empregos em alojamentos significou apenas 0,81% do total de empregos formais da cidade do Rio de Janeiro. É muito pouco diante do potencial carioca ? e fluminense, já que fora da capital, apenas em Búzios, Parati e Itatiaia o setor é relevante.

O incremento do turismo esportivo no Rio não pode depender de iniciativas informais e isoladas. Precisa ser política coordenada dos governos municipal, estadual e federal, pois a cidade é a porta de entrada do país.

Na Meia Maratona do Rio, domingo passado, hotéis do Flamengo e do Catete ficaram lotados. Poderia ser assim o ano todo, caso houvesse um calendário com apelo para manter a cidade cheia de turistas.

Se as oportunidades já são grandes, elas só aumentarão com a realização dos Jogos Olímpicos, quando dirigentes de federações, atletas e torcedores verão que a cidade não é só viável, mas também atraente para seus eventos. Ainda que venha a haver falhas de organização, que, diga-se, foram registradas em outras Olimpíadas.

Diante da grave crise fiscal do estado e do país, uma cidade com o potencial turístico do Rio precisa ter como meta transformar os 12 meses em alta estação.