Cascavel – O ex-auditor do Tribunal de Contas do Estado, Homero Marchese, apresentou informações estarrecedoras sobre os contratos do pedágio na quinta-feira (18), na Acic, em Cascavel.
As informações, repassadas a mais de 150 líderes do setor produtivo, reforçaram a posição das entidades do Oeste de ser contrárias à renovação dos atuais contratos. E diretores do Programa Oeste em Desenvolvimento, por meio da Câmara de Infraestrutura e Logística, foram além e passaram a gestionar auditorias em todos os contratos e transparência no processo.
Homero apresentou com detalhes histórico das concessões, dos aditivos e das consequências que provocam.
Todos tiveram motivação política e quem paga a conta são os usuários, os agricultores, disse o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, que demonstrou que o agronegócio do Oeste deixa R$ 100 milhões por ano nas praças de pedágio instaladas na BR-277, entre Foz do Iguaçu e o Porto de Paranaguá.
A síntese de Homero é de que os aditivos, embora tenham garantido intentos aos políticos que os adotaram, trouxeram perdas a quem paga a conta e ao Estado.
A conclusão é simples: hoje, paga-se o valor cheio da tarifa da época dos contratos originais e sem boa parte das obras previstas, principalmente duplicações que foram subtraídas ou postergadas sob a justificativa de desequilíbrio nos contratos.
Homero conduziu auditoria, em 2012, do Lote 3, entre Guarapuava e Foz do Iguaçu. Com base em dados de 2010, o relatório indicou que o preço da tarifa praticado na época era 31,9% acima do que deveria e que o valor em obras não realizadas chegava aos R$ 347,6 milhões. Até hoje, o Tribunal de Contas não julgou o processo, lamenta Homero.
Todos os governos, a partir de Jaime Lerner na segunda metade de 1990, até Beto Richa, que assumiu mais recentemente, erraram em relação às concessões, disse o técnico.
Lerner reduziu a tarifa pela metade por interesse eleitoreiro, porque se não o fizesse não se reelegeria. Roberto Requião gerou problemas, que beneficiaram as concessionárias, pela ânsia de cumprir sua promessa do abaixa ou acaba. O atual adota medidas que, segundo Homero Marchese, que é da Fiep, estão longe do ideal.
O ex-auditor do TCE cita o recente caso da eliminação de 82 quilômetros de duplicação previstos, entre Cascavel e Campo Mourão. Ela foi trocada pela duplicação entre Paranavaí e Boa Esperança, no Norte. Na opinião dele uma eventual renovação traria ainda mais prejuízos ao Paraná. E os supostos desequilíbrios seriam um artifício para forçar a prorrogação dos atuais contratos.