Cascavel – A fumaça pairando no ar, os olhos ardendo, sensação de calor e de mal-estar são alguns dos reflexos das altas temperaturas registradas nos últimos dias, unido com a baixa umidade relativa do ar, mas o problema se intensificou ainda mais com o aumento de focos de queimadas em vegetação – tanto na área urbana quanto na área rural. Os muitos focos de incêndios estão se tornando cada vez mais frequentes em diversos pontos da cidade e em grande parte das cidades do Estado.
Na noite de segunda-feira (9) um grande incêndio foi registrado às margens da PR-180 que levou mais de cinco horas para ser combatido, e na manhã de ontem (10) alguns focos ainda estavam “pegando fogo” e os próprios moradores auxiliaram com baldes de água para ajudar a cessar totalmente o fogo. Próximo ao meio-dia, outros focos começaram a reacender e em outros pontos. Por causa do fogo, os fios elétricos derreteram e moradores ficaram sem energia elétrica e internet.
Estes focos acabam aumentando e muito o trabalho do Corpo de Bombeiros. Para se ter uma ideia, somente no combate deste incêndio utilizou três caminhões de água em sete grandes focos de incêndio que se espalharam até perto do município de Boa Vista da Aparecida. Mesmo com uma incidência maior nesta época do ano, principalmente de junho a outubro, que são os meses mais caóticos para este tipo de situação, a preocupação aumenta devido à situação climática como um todo.
Casos
Segundo levantamento do Corpo de Bombeiros nos primeiros dez dias de setembro foram cerca de 30 focos em incêndio em vegetação contra sete no ano anterior. De acordo com o major Tiago Zajac do Corpo de Bombeiros de Cascavel, este mês está atípico porque a vegetação está ainda mais seca, os ventos e a própria colheita do milho, que deixa a palha espalhada na roça, deixando ainda mais propício para que os incêndios ambientais aconteçam.
Segundo ele, isso sobrecarrega o serviço das equipes e acontece ainda de os caminhões estarem sendo utilizados em ocorrências e aí acontece outra ao mesmo tempo, o que acaba atrasando um pouco o atendimento, sendo que os mais graves são atendidos primeiro e, a partir do momento que começar a extrapolar a capacidade de atendimento das guarnições normais, são designadas as guarnições específicas de incêndios ambientais.
A orientação para a população nesse período mais seco, para evitar esse tipo de incêndio vegetativo é que evitem atear fogo em lixo, principalmente nas áreas rurais, onde a coleta do lixo ainda é um pouco incipiente, se acumula um pouco de lixo e é colocado fogo, mas nessa época do ano é um problema muito sério porque o fogo se alastra muito rápido. Além disso, vale a pena lembrar que é crime ambiental piorando e muito a qualidade do ar nas cidades.
Brigadistas
Para reforçar os trabalhos, ainda nesta terça-feira (10) o governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou investimento de R$ 24 milhões para ações de combate a incêndios florestais no Paraná. A nova força-tarefa prevê a contratação de aeronaves especializadas para combate às chamas, formação de brigadistas, compra de equipamentos como abafadores, mochilas costais e sopradores, contratação de caminhões-pipa para auxiliar no combate a incêndios.
Diversas cidades do Paraná enfrentam um período de estiagem mais severa desde agosto, com baixos índices de chuva e umidade relativa do ar. Na última semana, o governador decretou situação de emergência para estiagem, medida que facilita a atuação em desastres, entre eles incêndios florestais, o qual o pacote anunciado nesta terça tem como foco. Cerca de 100 cidades terão mais 500 brigadistas e ainda terá o repasse de kits de combate incêndio.
“É um kit de primeira hora, de primeira chegada dos brigadistas para reforçar todo esse apoio e esse cuidado que temos para evitar essas queimadas e incêndios. Também estamos contratando aviões que são específicos para combate a incêndio. O Paraná nunca teve isso, então estamos organizando para que a gente possa ter disponível assim que necessário”, complementou o governador.
São duas aeronaves, que serão utilizadas conforme necessidade, sendo uma com capacidade de 900 litros e outra de 1,5 mil litros de água, podendo ser empregadas em qualquer local do Estado. A vantagem na utilização delas está tanto na possibilidade de visualização das frentes de fogo quanto da aplicação extensa de água.
Em caso de incêndios de grandes proporções, como florestais, que costumam atingir copas de árvores, bases serão montadas com caminhões-pipa para abastecimento das aeronaves com água. Esse trabalho será feito em conjunto com equipes de solo, que após a descarga de água, entram em ação para eliminar os focos que permanecerem. Somente com este serviço o investimento é de R$ 4,6 milhões.
Reforço
Segundo o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schunig, tanto os kits de resposta quanto as aeronaves serão utilizados para auxiliar brigadistas e as equipes do Corpo de Bombeiros. “São equipamentos que vão realmente dar condições de uma primeira resposta ao município. Nós sabemos que o Corpo de Bombeiros está muito bem distribuído em todo o Estado, mas o número de ocorrências hoje é muito grande, então nós precisamos desse trabalho, dessa integração, que é o papel da Defesa Civil”, afirmou.
Capacitação de brigadistas
A Defesa Civil Estadual em parceria com o Corpo de Bombeiros Militar do Paraná e a Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), capacitará 500 pessoas de 100 municípios para atuarem como brigadistas. São voluntários que vão aprender como atuar no controle dessas situações. O objetivo é garantir uma atuação inicial até que equipes especializadas do CBMPR possam atuar. De 1º de janeiro a 7 de setembro deste ano, o Corpo de Bombeiros registrou 10.844 incêndios de vegetação no Paraná.
A situação de seca deve persistir durante todo o mês de setembro, com um breve intervalo a partir do dia 13 com a chegada de uma frente fria, segundo o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná).